Hoje eu quero falar sobre ela.
Hoje eu quero falar sobre a Ana menina, que ia na casa das madames cobrar pelo pagamento dos doces que a mãe fazia;
Quero falar sobre a Ana jovem, que, dirigindo o seu carro por estradas cheias de lama, ia ensinar, em lugares distantes, com chuva ou com sol,dedicando-se com todo o amor àquelas crianças especiais, cujo maior problema talvez não fosse a falta de audição, mas sim a falta de respeito e amor dos demais para com elas;
Quero falar sobre a Ana adulto-jovem, recém-casada e já viúva, com uma filha nos braços e uma força que talvez nem ela mesma soubesse de onde a tirara;
Quero falar da “tia” Ana, dos seus bate-papos com a gurizada, do seu jeito sempre alegre, da sua companhia em festas, carnavais,viagens e até shows de rock;
Quero falar naquela Ana cuja fé é tão ampla que tudo aquilo que tem a ver com a busca de e por algo maior do que nós é aceito e acolhido por ela com toda a intensidade;
Naquela Ana que acredita em todos os santos, em Deus, em Jesus, em Nossa Senhora. Aquela Ana que estudou a doutrina espírita, que é médium, que dava Passes e frequentou um centro espírita por muitos anos. Aquela Ana que frequentou terreiros e mães de Santo e que acredita e respeita praticamente todas as crenças e religiões.
Esta Ana, um dia, sabendo que o Bispo iria vender a pequena igreja da praia, construída com tanto sacrifício pela sua mãe e demais pessoas da Comunidade, se revoltou e declarou que a partir daquele momento a sua igreja seria o mar.
Aquela Ana, como um peregrina, foi para Machu Picchu e Erks.
Hoje, quero falar sobre aquela Ana que conheceu o reiki, que fez cursos de xamanismo; aquela Ana que aprendeu a usar as ervas e a fazer uso do ayahuasca;
A Ana que acredita em fadas, duendes e outros elementais.
A Ana que, assim como eu, conversa com os animais e as plantas e que acredita que os cogumelos que vira e mexe se encontram no seu jardim são sim moradia de seres mágicos, invisíveis aos nossos olhos.
A Ana cuja presença da espiritualidade, do Sobrenatural e a convivência harmônica de todos os seres por ela considerados sagrados é facilmente notada na sua residência:
– penduradas na parede, mandalas de todos os tipos convivem harmonicamente com imagens e fotografias;
– diversos altares espalhados pela casa e alguns espalhados pelos jardins trazem imagens de seres de fantasia como fadas, duendes,sereias, bem como estátuas representando Santos católicos, Nossa Senhora, Jesus, São Francisco, Santo Antônio,São Jorge…
– em outros altares, figuras como Iemanjá, Ogum, Oxum… os Pretos velhos, para quem ela sempre vai levar café.
Isto sem falar nos cristais, ametistas, quartzos, citrinos… nos sinos dos ventos!
Hoje eu quero falar naquela Ana que passou a vida toda dedicando-se aos outros e que até naqueles momentos em que parecia estar fazendo algo para si acabava por de novo fazer algo pelo outro. Basta pensar em cada curso, em cada peregrinágio que ela fazia. Sempre acabava por conhecer alguém (ou alguéns) a quem mais adiante, de uma ou de outra forma, ela iria acabar ajudando.
Hoje eu quero falar sobre aquela Ana cujo sorriso estampado tantas vezes não era que um disfarce necessário para que os outros não percebessem a sua imensa vontade de chorar.
Hoje eu quero falar sobre aquela Ana cujo brilho nos olhos tantos parecem não perceber e cujas lágrimas apenas a alguns privilegiados ela deixa intraver.
Hoje quero falar sobre a Ana que é forte, porém humana; , que é alegre, mas que ao mesmo tempo reconhece a sua própria tristeza;
Quero falar sobre a Ana cuja sensibilidade muitas vezes parece passar despercebida pelos demais, afinal, ela é “tão alto astral!”.
Hoje eu quero falar sobre aquela Ana que, embora muitas vezes possa não parecer, é humana como qualquer um de nós.
Aquela Ana que por detrás das alegrias, das brincadeiras, é de uma sensibilidade tamanha que tantas vezes, mesmo sem querer, acabou por alimentar feridas dentro de si, cuja cura vem acontecendo aos poucos.
Hoje eu quero falar sobre aquela Ana a quem a vida vive dando lições!
Aquela Ana que superou perdas, que venceu obstáculos, cujo organismo andou dando inúmeras “sacudidas” para que ela parasse e aprendesse a olhar para si.
Hoje eu não quero mais falar “sobre” a Ana. Hoje eu quero é falar PARA a Ana. Falar coisas que talvez ela já esteja cansada de saber. Falar sobre o amor incondicional, falar sobre o privilégio e a alegria de ter um espírito de tanta luz ao meu lado e, ainda por cima, ter este espírito encarnado com esta missão tão linda (e imagino desafiadora) de ser a minha mãe.
Hoje, eu não quero mais falar “sobre” a Ana, eu quero falar COM a Ana. Então, aí vai: como nos velhos tempos, hoje, mãezinha querida, não te chamarei “Mãe”, mas te chamarei simplesmente Ana.
” Ana, minha amada, a maior felicidade do mundo é te teres como mãe, amiga, parceira e confidente. Hoje, dia tão especial para ti, desejo que os seres de luz te transmitam um Mix concentrado de energias, de saúde, paz, alegrias e amor incondicional. Te amo infinitamente”!
Marian















