Falando sobre ela

6 jan

Hoje eu quero falar sobre ela.

Hoje eu quero falar sobre a Ana menina, que ia na casa das madames cobrar pelo pagamento dos doces que a mãe fazia;

Quero falar sobre a Ana jovem, que, dirigindo o seu carro por estradas cheias de lama, ia ensinar, em lugares distantes, com chuva ou com sol,dedicando-se com todo o amor àquelas crianças especiais, cujo maior problema talvez não fosse a falta de audição, mas sim a falta de respeito e amor dos demais para com elas;

Quero falar sobre a Ana adulto-jovem, recém-casada e já viúva, com uma filha nos braços e uma força que talvez nem ela mesma soubesse de onde a tirara;

Quero falar da “tia” Ana, dos seus bate-papos com a gurizada, do seu jeito sempre alegre, da sua companhia em festas, carnavais,viagens e até shows de rock;

Quero falar naquela Ana cuja fé é tão ampla que tudo aquilo que tem a ver com a busca de e por algo maior do que nós é aceito e acolhido por ela com toda a intensidade;

Naquela Ana que acredita em todos os santos, em Deus, em Jesus, em Nossa Senhora. Aquela Ana que estudou a doutrina espírita, que é médium, que dava Passes e frequentou um centro espírita por muitos anos. Aquela Ana que frequentou terreiros e mães de Santo e que acredita e respeita praticamente todas as crenças e religiões.

Esta Ana, um dia, sabendo que o Bispo iria vender a pequena igreja da praia, construída com tanto sacrifício pela sua mãe e demais pessoas da Comunidade, se revoltou e declarou que a partir daquele momento a sua igreja seria o mar.

Aquela Ana, como um peregrina, foi para Machu Picchu e Erks.

Hoje, quero falar sobre aquela Ana que conheceu o reiki,  que fez cursos de xamanismo; aquela Ana que aprendeu a usar as ervas e a fazer uso do ayahuasca;

A Ana que acredita em fadas, duendes e outros elementais.

A Ana que, assim como eu, conversa com os animais e as plantas e que acredita que os cogumelos que vira e mexe se encontram no seu jardim são sim moradia de seres mágicos, invisíveis aos nossos olhos.

A Ana cuja presença da espiritualidade, do Sobrenatural e a convivência harmônica de todos os seres por ela considerados sagrados é facilmente notada na sua residência:

– penduradas na parede, mandalas de todos os tipos convivem harmonicamente com imagens e fotografias;
– diversos altares espalhados pela casa e alguns espalhados pelos jardins trazem imagens de seres de fantasia como fadas, duendes,sereias, bem como estátuas representando Santos católicos,  Nossa Senhora, Jesus, São Francisco, Santo Antônio,São Jorge…
– em outros altares, figuras como Iemanjá, Ogum,  Oxum… os Pretos velhos, para quem ela sempre vai levar café.

Isto sem falar nos cristais,  ametistas, quartzos, citrinos… nos sinos dos ventos!

Hoje eu quero falar naquela Ana que passou a vida toda dedicando-se aos outros e que até naqueles momentos em que parecia estar fazendo algo para si acabava por de novo fazer algo pelo outro. Basta pensar em cada curso, em cada peregrinágio que ela fazia. Sempre acabava por conhecer alguém (ou alguéns) a quem mais adiante, de uma ou de outra forma, ela iria acabar ajudando.

Hoje eu quero falar sobre aquela Ana cujo sorriso estampado tantas vezes não era que um disfarce necessário para que os outros não percebessem a sua imensa vontade de chorar.

Hoje eu quero falar sobre aquela Ana cujo brilho nos olhos tantos parecem não perceber e cujas lágrimas apenas a alguns privilegiados ela deixa intraver.

Hoje quero falar sobre a Ana que é forte, porém humana; , que é alegre, mas que ao mesmo tempo reconhece a sua própria tristeza;

Quero falar sobre a Ana cuja sensibilidade muitas vezes parece passar despercebida pelos demais, afinal, ela é “tão alto astral!”.

Hoje eu quero falar sobre aquela Ana que, embora muitas vezes possa não parecer, é humana como qualquer um de nós.

Aquela Ana que por detrás das alegrias, das brincadeiras, é de uma sensibilidade tamanha que tantas vezes, mesmo sem querer, acabou por alimentar feridas dentro de si,  cuja cura vem acontecendo aos poucos.

Hoje eu quero falar sobre aquela Ana a quem a vida vive dando lições!

Aquela Ana que superou perdas, que venceu obstáculos, cujo organismo andou dando inúmeras “sacudidas” para que ela parasse e aprendesse a olhar para si.

Hoje eu não quero mais  falar “sobre” a Ana. Hoje eu quero é falar PARA a Ana. Falar coisas que talvez ela já esteja cansada de saber. Falar sobre o amor incondicional, falar sobre o privilégio e a alegria de ter um espírito de tanta luz ao meu lado e, ainda por cima, ter este espírito encarnado com esta missão tão linda (e imagino desafiadora) de ser a minha mãe.

Hoje, eu não quero mais  falar “sobre” a Ana, eu quero falar COM a Ana. Então, aí vai: como nos velhos tempos, hoje, mãezinha querida, não te chamarei “Mãe”, mas te chamarei simplesmente Ana.

” Ana, minha amada, a maior felicidade do mundo é te teres como mãe, amiga, parceira e confidente. Hoje, dia tão especial para ti, desejo que os seres de luz te transmitam um Mix concentrado de energias, de saúde, paz, alegrias e amor incondicional. Te amo infinitamente”!

Marian

Era uma vez uma corrente do bem

5 abr

Era uma vez uma corrente do bem.

Aquelas ali embaixo são a dona Rosangela e a sua neta Valentina.

Dona Rosangela vive em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais.

Dona Rosangela,mulher sofrida e batalhadora, cuja vida sempre apresentou muitos desafios.

Não sei muito a respeito da vida da dona Rosangela. Mas sei o suficiente.

Dona Rosangela teve uma filha (não sei se teve outros filhos além dela), que acabou indo, segundo ela mesma diz, “por uma bruta estrada” Ah, o vício das drogas, como é triste! Dona Rosangela, no entanto, tem esperanças de, um dia, tirar a filha das ruas, conseguir que ela se recupere, faça um tratamento.

Dona Rosangela, 63 anos (embora em alguns momentos demonstre mais), quer muito trabalhar. Fica vagando pelas ruas, se oferecendo como faxineira, cozinheira (dizem que é uma cozinheira de mão cheia), enquanto empurra o seu carrinho de reciclagem (no momento, sua única fonte de renda). Valentina, a netinha, apresenta problemas de saúde desde que nasceu. E dona Rosangela também possui problemas de saúde, aos quais ela meio que ignora, pois sua prioridade é dar à pequena Valentina uma vida digna, dentro das suas limitações.

Rosangela já passou fome, já morou na rua, até conseguir uma pequena casa em um loteamento. No entanto, era uma ocupação. (Sobre isto falaremos depois).

Dona Rosangela sobrevivia graças ao seu “carrinho de reciclagem” e à 600 Reais mensais de Bolsa família. Nem sempre conseguia cobrir as despesas, tanto que, muitas vezes, comprava comida para neta e ela mesmo ficava sem se alimentar, ou procurava no lixo algo que pudesse ser aproveitado.

Dona Rosangela é negra. E além de todas as dificuldades pelas quais passa a cada dia, seguido sofre preconceito. Dizem que certa vez foi humildemente pedir em uma padaria local se podiam vender o pão amanhecido (ou o do dia anterior) por um preço mais baixo, ou até mesmo doar, já que iriam colocar no lixo, mas foi tratada com desdém. Sobre racismo, aliás, há outros episódios que, mais adiante, gostaria de relatar.

Como falei anteriormente, dona Rosangela vivia graças à reciclagem e ao auxílio do Governo. Um dia, porém, o governo resolveu fazer uma atualização do cadastro do Programa Bolsa Família. E, neste período, deixou de oferecer o benefício.

Rosangela, embora fosse uma pessoa de muita fé, vendo-se sem tal auxílio e com as portas que se fechavam, as pessoas que lhe “torciam o nariz” quando ela se oferecia para “fazer faxina” (Olhem bem, ela não pedia dinheiro, pedia trabalho!), acabou entrando em desespero. Pensamentos suicidas passaram a lhe fazer companhia de modo constante. No entanto, pessoa de muita fé, resolveu pedir ajuda em uma página das redes sociais. Uma página, um grupo de literatura espírita.

Meio envergonhada por expor toda a sua dor, depositara ali todas as suas esperanças.

É impressionante como as pessoas podem ser crueis. Reações de empatia com a sua dor foram míinimas. A maioria das respostas que recebeu foram de pessoas a agredindo, a insultando, dizendo que era tudo mentira, que ela de repente sequer existia. Que era falsa, que era alguém que estava tentando dar um golpe para conseguir dinheiro… pra não falar das manifestações racistas, que prefiro não comentar. (Não vale a pena).

Diante de tais reações, se você é uma pessoa com um mínimo de humanidade, não consegue simplesmente ignorar, fazer de conta que não viu. Ao invés disso, tenta buscar a verdade, tenta entender melhor a situação. Foi assim que, na vida de Rosangela, que seguia em oração, pedindo a Jesus saúde e proteção, bem como inspiração para encontrar uma saída para tanto sofrimento, acabaram entrando algums pessoas que, de certo modo, “pareciam” querer ajudar.

Uma pessoa, aparentemente sensibilizada com a sua história, pediu se poderiam conversar via vídeo. Foi uma chamada longa, repleta de lágrimas e de emoção. Tudo indicava que as coisas estavam andando bem. No brilho dos olhos de Rosangela, um qué de esperança. Até ela receber uma “proposta” que a deixou arrasada: pediram que ela “doasse” a sua neta.

Sim, é isso mesmo que vocês acabaram de ler! A “desculpa” utilizada foi a de que a menina só dava mais “gastos” pra ela e que ela deveria ser “racional”… que, naquela idade, dificilmente conseguiria um emprego. Não se ofereceram para de repente “apadrinhar” a menina, ou para ajudar, quem sabe, com os custos referentes à sua educação ou coisa assim. Não ofereceram à ela absolutamente nenhum tipo de ajuda. Queriam a criança, simplesmente porque não podiam ter filhos. Mas a parte mais dolorida desta proposta que eu particularmente considero de uma crueldade ímpar, foi o fato desta pessoa salientar que sua netinha era BRANCA e, por isso, merecia uma vida DIGNA.

Como assim? Então dona Rosangela, que batalha dia e noite para que nada falte à neta não é uma pessoa digna? Somente quem é branco merece ter uma vida digna?

Rosangela ficou tão, mas tão abalada que, em mensagem que trocara com alguém a quem ela mesma depois viria denominar “Anjo”, comentou algo do tipo: “Sou negra, mas sou digna!” Ah, é de cortar o coração!

A entrada deste “anjo” na vida de Rosangela parecia que traria um pouco de conforto. No entanto, as provações pelas quais ela teria que passar não terminariam por ali.

Rosangela, sem dinheiro para comida, remédios, com a geladeira completamente vazia e sem gás no fogão, contando com a bondade das vizinhas para que a netinha não passasse fome. (Aliás, uma das suas vizinhas é quem aqui chamarei de “Anjo2”)

Este “anjo de guarda”, como ela mesma chamou, conseguiu ajudá-la. Ele (ou ela) lembrara que, há muitos anos, passara por um momento em que precisara de ajuda e alguém (um anjo bom) estendera a mão. Talvez esta fosse uma mensagem do Universo, dando a ele (ela) a oportunidade de retribuir, usando a máxima “Fazer o bem ,sem olhar a quem”.

Aquela primeira ajuda deixou Rosangela radiante por algum tempo apenas. Feliz porque conseguiria comprar algumas coisas e, quem sabe, até um pequeno bolo para festejar a netinha que estava de aniversário, logo viu seu sonho esvair-se. Tendo precisado fazer um empréstimo, obviamente, grande parte do dinheiro doado fora utilizado no pagamento da dívida. (O que, sob um certo ponto de vista, era positivo, afinal, agora ela não devia nada a niguém!). Mexido com a sua história, o tal anjo continuou fazendo a sua parte. Mas o destino, no entanto, parecia que não cansava de “pregar peças” na senhora Rosangela.

Feliz com as doações que, de certa maneira, foram além do esperado para alguém que, àquelas alturas, tinha quase se acostumado com a incredulidade e rejeição das pessoas, Rosangela p^ode encher a geladeira, comprar os ingredientes para fazer o tao sonhado bolo, conmprar os remédios que o Posto de Saúde não fornecia e até mandar consertar o telhado da casa (chovia dentro). Ela não continha de si de tanta felicidade. Os pensamentos suicidas pareciam ser uma vaga lembrança-. Cheia de esperança, começou até a cogitar outras possibilidades de trabalho. Como uma injeção de animo, de repente era como se ela readquirisse as forças que primeiramente pareciam ter se esvaido.

Um curto circuito. Ela estava na varanda com a neta quando ouviu o estouro. Provavelmente a instalação elétrica da casa era velha, ou simplesmente mal feita. Parece que foi por pouco que a casa não pegou fogo. À ela e à neta nada aconteceu. No entanto, não apenas ficaram sem luz, mas o curto circuito acabou queimando o rádio, a televisão e a geladeira. Foram socorridas por uma vizinha (o anjo 3), que as acolheu na sua casa. No entanto, por questões familiares, não pôde acolhê-las por mais que algumas noites. Assim, mesmo com medo do escuro (Rosangela temia que alguém pudesse entrar na casa durante a noite), ela voltou para sua casa. No entanto, passava a noite toda acordada, velando o sono da netinha. Ah, os vizinhos não tinham como colocar suas provisões na geladeira deles. Assim, toda a comida acabou estragando.

Foi chamado um rapaz para verificar a fiação e fazer o conserto. Lhe foi passado um orçamento e ficou combinado que o serviço seria feito no dia seguinte. No entanto, no dia seguinte o rapaz levou junto o seu chefe, que falou sobre a necessidade de refazer todo o sistema elétrico da casa. (Obviamente, o preço seria bem mais alto do que o combinado).

Não sei se vocês lembram que, no início deste relato, comentei que a casa da senhora Rosangela ficava em um terreno particular. Sim, era uma das casas de uma “ocupação”.

Situação bem complicada esta. Ao mesmo tempo que uma pessoa tem direito a fazer uso das suas terras como bem entende, todo ser humano deveria ter direito a um lar. A um trabalho e a um lar.

Pois bem. Parece que a questão estava na justiça hà bastante tempo e tem uma advogada que està seguindo o caso. Bem naqueles dias, no entanto, chegou uma ordem de despejo.

Não bastasse a ordem de despejo, infelizmente (atenção, é importante não generalizar! Existem sim muitos policiais que são bondosos, justos e tentam sempre fazer as coisas da melhor forma). Bem, não bastasse a ordem de despejo, foi realizada uma ação policial e as pessoas foram expulsas dos seus lares com ignorancia e violência. Idosos desesperados, crianças chorando, policiais invadindo casas e colocando no meio da rua todos os pertences dos moradores. ás pessoas fora prometido que teriam vaga para dormirem em um abrigo, mas somente para aquela noite. E que não poderiam levar consigo nada além da roupa do corpo.

Ah, se a luz tivesse sido consertada! Teria sido um dinheiro jogado fora. Realmente nada é por acaso!

No auge do desespero, temos dona Rosangela nervosa, com Valentina aos prantos. Mas, felizmente, temos aquele “anjo2”, lembram?

Foi ele/ela quem conseguiu um lugar para passarem a noite. E é nesta parte da nossa história que mais um anjo entrará na vida da protagonista desta história: o anjo (ou anja) de número 3.

Antes porém de contar pra vocês esta parte da história, gostaria de esclarecer algumas coisas importantes:

1: Dona Rosangela tem esperança que, assim que a situação com o Bolsa Família for regularizada, ela receberá não só o pagamento successivo, mas também os meses atrasados;

2: Sim, dona Rosangela foi no CRAS e realizou seu cadastro. Sinceramente não sei dizer se no momento eles irão fornecer à ela uma cesta básica ou se ela precisou “entrar na fila”. A boa notícia, no entanto, é que, graças à eles, conseguiu matricular a netinha na escola. (E, cá entre nós, não posso deixar de pensar que talvez, na escola, além do estudo, ela possa também ter algum tipo de alimentação)

3: Dona Rosangela segue com sua fé inabalável, agradecendo e pedindo a Jesus. Semanalmente, faz o Evangelho no Lar. E confesso que, muitas vezes, tenho a sensação de que tudo isto tem um fundo espiritual e que, por mais que ela se esforce, o número de obsessores que a rodeiam deve ser muitro grande. Coisa de outras vidas, muito provavelmente.

ANJO 3.

Uma amiga/vizinha da dona Rosangela ficara sabendo que uma senhora tinha colocado sua casa à venda, pois ela e a família iriam se tranferir. Não sei como a notícia chegou até elas, se já se conheciam pessoalmente ou coisa parecida. O que sei, é que a proprietária daquela casa acabou sendo mais um anjo na vida da Rosangela.

Este anjo também estava passando por um momento difícil. Precisara colocar a casa à venda para recomeçar a vida em outro lugar. Poderia ter conseguido um bom preço pela venda da mesma. No entanto, a bondade prevaleceu. Muito tocada pela história daquela senhora que muitas vezes vira passar pelas ruas, empurrando seu carrinho de reciclagem, acompanhada da netinha, ela (a “quarta anja) as acolheu imediatamente, oferecendo a casa para que elas ficassem alguns dias, até conseguirem se organizar melhor.

Mas a história não termina por aqui! Nosso anjo3 estava enfrentando um dilema. Não podia não vender a casa, afinal, necessitava do dinheiro. Além disso, ele/a também tinha uma família que estava esperando a tal venda. No entanto, lhe doía o coração deixar aquela senhora e a netinha na mão, ou melhor, “no meio da rua”, ou em um abrigo qualquer, para onde não poderiam levar, além da roupa do corpo, uma lembrança sequer.

E foi assim que o anjo acabou encontrando o Anjo3. E, com o anjo2 fazendo de tramite para algumas transações, se formou uma grande corrente do bem. O anjo 3 inicialmente pensara em vender a casa para Rosangela, fazendo-a pagar uma entrada e dividindo o valor restante em prestações. (Como quando fazemos financiamento! Como se pagasse um aluguel, mas na verdade estaria pagando as prestações da casa). No entanto, inspirada pela Bondade Divina, acredito eu, ela resolveu baixar o preço consideravalemente. E assim, o primeiro (por ondem de “aparição” na história, não por ordem de importância!) anjo teve condições de ajudar mais uma vez, dando para a senhora Rosangela, protagonista da nossa hitória, um lugar para morar.

A emoção tomou conta de todos!. Dona Rosangela, cujo sonho de uma vida inteira sempre fora ter uma casinha, uma casa própria e cujas esperanças estavam esvaindo; o primeiro anjo, por ter tido a oportunidade de fazer por alguém o que, um dia, tinham feito por ele/a; o anjo2, que, cheio de bondade, ficara feliz em ver sua amiga e vizinha tendo finalmente um lar e, claro, o anjo3, propietário/a da casa, que pôde perceber que o brilho dos olhos e o sentimento de eterna gratidão era o maior pagamento que poderia receber.

Os “anjos” seguem ajudando Rosangela e a netinha. Comprando coisas para a casa, remédios, alimentação. O “anjo3”, que a segue mais de perto, a acompanha para resolver questões burocráticas, etc. Além disso, começa a perceber que algo parece não estar bem.

Rosangela é levada ao médico com urgência. Apresenta sintomas importantes, deve fazer diversos exames. Parece sério, não dá para esperar. Mais uma vez a união faz a força. Juntos, cada um fazendo a sua parte, os anjos conseguem que ela seja atendida em uma clínica particular. Muitos exames alterados, rim esquerdo parando de funcionar. Agora, exames mais profundos precisam der feitos. Talvez seja insuficiência renal.

Que luta, hein? Cada vez que as coisas parecem se acomodar, acontece mais uma coisa. Impossível não pensar que tudo faz parte da Providência Divina, que tudo faz parte da Missão que cada um dos protagonistas desa história escolheu antes de encarnar. Talvez para pagar dívidas anteriores, ou simplesmente para “avançar mais rápido” na escada da evolução.

Gasto, gasto, gasto. Nada aqui é supérfluo, tudo é essencial. Incrível os sintomas aparecerem justamente quando a nossa protagonista principal tinha finalmente conseguido um lar, não é mesmo? Bom, nada, absolutamente nada acontece por acaso e tudo vem no momento certo.

Uma coisa que não falei inicialmente é que o tal do Anjo 3 (o da casa) possuía também uma pequena lanchonete. Ela também inicialmente estava à venda. Por alguns momentos, ela chegara a pensar em vende-la pra Rosangela. Depois, cogitou inclusive a ideia de presenteá-la com a mesma. Até que os problemas de saúde apareceram.

Vocês podem até não concordar comigo, mas eu chamo isto de Providência Divina!

Como assim, em que sentido o fato da Rosangela ter “perdido” a oportunidade de ser proprietária de uma lanchonete pode ter sido providêncial? Vou explicar.

Para início de conversa, de que serve o “ponto” e de repente alguma ajuda inicial, se ela pouco recurso tem para comprar o mínimo necessário para abrir a atividade? Além disso, ela até pode ter experiência com cozinha, mas… e com a administração? E sozinha, ela daria conta de tudo?

Foi assim que o nosso Anjo 3 (repito, anjo “3” simplesmente porque foi o terceiro a ser mencionado nesta história!) resolveu colocar à venda a lanchonete (Coisa que já tinha feito anteriormente, mas voltara atrás ao seguir seu coração, sua intuição). Desta vez, no entato, seu gesto de bondade foi ainda maior. Com a venda da lanchonete, resolveu dare um suporte ao anjo1 e auxiliá-lo a seguir auxiliando (desculpem a redundância!) a nossa querida Rosangela! O mais importante agora não era o dinheiro em si, mas a saúde da mesma!

A nossa história segue, não sem obstáculos, dificuldades, perscalços. Uma hora uma coisa, uma hora outra, como se o Mundo Espiritual estivesse colocando todos os protagonistas desta história em grandes provações. A cada fato que ocorria, a cada situação, parecia ficar mais claro o quão grande se tornara essa missão. Brigas, desentendimentos, acordos. Até acidente de carro teve no meio disso tudo! Paciência, persistência, coragem, resignação.

Inicialmente poderíamos pensar que apenas para Rosangela tudo isso fazia parte da sua Caminhada Espiritual. E que, como ela mesma fala, Jesus colocou “anjos” na vida sua e da sua neta. Mas quem foi que disse que, na verdade, ela também não estava/está sendo anjo na vida de alguém, ou melhor, na vida daquelas que ela mesmo denominou “anjos”?

O anjo1, emocionado, tem por ela um sentimento de gratidão imensa. Sente como se fosse um reencontro de outras vidas e pensa seguido em como, no mundo, existe tanta gente mesquinha, na inversão de valores e sofre, com tristeza, diante de tanta indiferença existente no Mundo. Ao mesmo tempo, quando Rosangela lhe confidara coisas pelas quais tinha passado, no que diz respeito à racismo e humilhação, aconselhou-a de não ter ódio ou raiva, pois, segundo ele, não apenas “cada um oferece aquilo que tem para oferecer” e “tudo aquilo que projetamos no outro, um dia volta para nós”, mas especialmente porque tais pessoas, a seu ver, são dignas não de raiva, mas de pena. Porque são pessoas que estão num andar bem mais baixo na escada evolutiva e, ao contrário dela, podem até serem financeiramente ricos, mas são pobres de espírito. Aliás, miseráveis. E, se não nesta, ainda passarão, em outras existências, por muito sofrimento. “Onde houver ódio que eu leve o amor!” Amar, perdoar… não era isso que pregava São Francisco?

Ah, este “anjo” acabou sendo surpreendido por ela que, antes mesmo dele falar, já tinha incluído tais pessoas nas suas orações! E, graças à ela, ele passou a se sentir ainda mais grato por tudo aquilo que tem, especialmente pelas pessoas que fazem parte da sua vida. Passou a “deixar pra lá” coisas que o incomodavam (tão mesquinhas ou supérfluas diante das tantas provações que a vida colocara no caminho da Rosangela), e a acreditar com toda a convicção que aquele encontro, ou melhor, re-encontro já estava programado no Mundo Espiritual (Inclusive com o Anjo3 e, muito provavelmente, com o anjo2 também).

O anjo 2 pode até aparecer pouco neste relato, mas é aquele anjo que fica de “pano de fundo”, sempre presente e disposto a ajudar. Em um certo momento, de forma inesperada, acaba se afastando, pois lhe é dada uma nova, inadiável e importante missão. Falamos aqui de problemas em família, perdas repentinas, morte, tristeza, sofrimento e depressão. Mas, mesmo distante fisicamente, segue presente com o pensamento e o coração. Além disso, parece que seu papel naquela outra missão foi cumprido e logo logo fará retorno para perto da Rosangela.

E o anjo 3? o anjo 3, assim como o anjo 1, ficou extretamente tocado con a insensibilidade que existe no mundo. Com a falta de empatia, de amor, com o preconceito e tanta injustiça presente no mundo que os/nos cerca. Ao mesmo tempo, encontrou, na Rosangela e na Valentina, um novo impulso, uma razão para viver. Sofrendo há anos de depressão profunda, fez exatamente aquilo que certa vez li, não lembro bem onde: uma frase que dizia mais ou menos assim: “Ao ver a dor do outro, coloquei a minha dor no bolso e fui”.

Talvez dentre as missões de Rosangela fizesse parte também o aproximar almas aparentemente tão distantes mas de sentimentos tão semelhantes!

Sim, talvez estes 3 anjos tenham sido focos de luz na escuridão. Mas o que a Rosangela provavelmente não tenha se dado conta, é que ela também foi luz na estrada dos 3 “anjos”! (Que, na verdade, nada tém de anjos. São pessoas comuns, mas com sensibilidade suficiente para se colocarem no lugar do outro, com empatia para sentir um pouco das dores do mundo e vontade de fazer a sua parte para tornar este mundo um pouquinho melhor)- Mais amor, por favor!!

Acredito que esta história está ficando longa demais. Melhor eu chegar à conclusão.

Então. Esta é uma história real. A outra notícia boa é que o novo comprador da lanchonete irá abrir ali um restaurante e aceitou contratar Rosangela como cozinheira. Inicialmente ela passará por um período de prova (o que é absolutamente normal). Se será contratada ou não, vai depender só dela. E era isso que ela queria desde o início! Rosangela jamais pedira “esmola”, ela sempre pedira “trabalho”! Ela não queria o peixe, mas a “oportunidade” de pescar!

Se tudo der certo, com um pequeno salário e, quem sabe, o complemento da bolsa família, bem como a netinha frequentando a escola, a vida da Rosangela tem grandes chances de finalmente tomar um rumo melhor. No entanto, ainda não sabemos os resultados dos seus últimos exames. Pode ser que ela precise passar por um tratamento de saúde caro e urgente. Neste caso, irá precisar de mais ajuda, ajuda esta que os tais “anjos”, sozinhos, não terão condições de oferecer.

Então… se você é um anjo ou conhece algum que anda vagando por aí, me escreve. Juntos, quem sabe, poderemos tornar ainda maior esta corrente do bem.

E, palavras da Rosangela: “Um dia, se Jesus permitir, farei a alguém exatamente o que agora estão fazendo por mim”

Marian.

Romeo

4 abr

Ontem tive um momento meu,  bem especial . Tive a oportunidade de experimentar uma massagem chamada Romeo. Romeo inspirada no óleo essencial utilizado, o rosmarino (alecrim).
Este tratamento foi criado e desenvolvido pela Celina, massagista que, além de excelente profissional, é uma pessoa de extrema sensibilidade.
A massagem é uma massagem dos pés à cabeça , literalmente.  Ou melhor, da cabeça/rosto “salta” para os pés e vem subindo,  até chegar na parte final,  cuja sensação… bem,  precisa provar!
A sensação que tive é que,  embora seja uma massagem,  ou melhor,  um tratamento que segue um “,padrão “, na verdade Celina meio que o adapta, de acordo com a vibração,  a energia que circula naquele momento.

Não posso deixar de contar sobre uma experiência que tivemos,  um momento que passamos durante o tratamento.  Foi algo…difícil de descrever. Surreal talvez não seja a palavra justa. Eu diria…Espiritual.

Foi algo simples,  mas tocante. (Claro que tudo vai depender do ponto de vista).
Eu estava já fazendo o tratamento quando me dei conta de não haver tirado a gargantilha que estava usando no pescoço. 
Aqui faço um adendo: eu não tenho o costume de usar sempre gargantilhas. No entanto,  domingo (Páscoa), procurando uma coisa numa gaveta,  me deparei com esta gargantilha,  que tinha sido da minha avó. Coincidência ou não,  ela traz o rosto de Jesus. E, em pleno domingo de Páscoa,  a coloquei no meu pescoço. Mas voltemos à massagem.

Me dei conta da gargantilha e perguntei se era melhor eu tirá-la. Não necessariamente,  falou ela,  mas acrescentou que de repente era melhor. Não queria de repente me machucar por engano ou, quem sabe,  correr o risco da mesma arrebentar. Além disso, comentou, pode ser uma coisa de valor.

Apoiei a gargantilha no pratinho que aparece na foto e comentei: era da minha avó.  Ela a usava sempre,  nunca tirava. Minha avó era uma pessoa de muita fé e o valor desta gargantilha,  especialmente do ponto de vista afetivo, é imensurável.

Bom  naquele momento,  acho que a vó Eleonora se fez presente ali. Do nada, Celina (que,  como comentei, tem muita sensibilidade) sentiu a garganta secar e seus olhos começaram a lacrimejar. Lágrimas escorriam pelos seus olhos,  sem que ela conseguisse encontrar uma razão lógica para as mesmas.  O tratamento precisou ser interrompido por alguns minutos, ela super constrangida, sem conseguir dar uma explicação lógica para o fato.

Pois bem.  Tudo ter acontecido exatamente no instante em que eu comentei que a gargantilha pertencera à minha avó explica tudo. Aquela emoção era dela,  não da Celina. (A quem,  aliás,  sugeri de aprofundar os estudos sobre mediunidade)

Marian

Coisas incríveis

28 jan

Certa vez, uma minha colega de trabalho fez meu mapa astral. Eu já tinha feito um na adolescência (minha mãe sempre adorou este tipo de coisa), mas o que me impressionou do realizado por esta ex colega foi que coisas ali escritas, que na época pareciam impossíveis, acabaram por se realizar. Sobre elas, se bem me lembro, já andei falando em outro post.

O que me traz aqui, na verdade, diz respeito ao trabalhar com crianças.

Embora na época eu trabalhasse com adultos e sequer me passasse pela mente um dia mudar de emprego, o destino, juntamente, claro, com o meu livre- arbítrio, porque não é verdade que nosso destino é traçado e imutável, somos sim responsáveis pelas nossas escolhas, fez com que a minha vida fizesse um giro de 180 graus. (Sim, 180, se fosse 360, teria, no fim, ficado no mesmo lugar).

Desde 2013 trabalho exclusivamente com crianças. Antes disso, eu já tinha trabalhado com elas, mas em momentos alternos, por mais ou menos uns 4 anos. (Nossa, são já 15 anos de experiência! Ainda tenho, no entanto, muito a aprender!)

Nestes 15 anos, tive a oportunidade de trabalhar com crianças e adolescentes de idades bem variadas, dos 3, 4 meses aos 15, 16 anos. Em creches, escolas, casas de passagem, centros de adoção ou casas de família. Com cada uma delas aprendi alguma coisa. Ou sobre a infância, ou sobre diferenças e individualidades, ou (o mais comum), aprendi mais sobre eu mesma.

Com algumas delas percebi o quanto sou privilegiada, por ter a família que tenho, por levar a vida que levo e, especialmente, pelas oportunidades que a vida sempre me ofereceu. Aprendi a agradecer por tudo, o tempo todo, todos os dias. E sonho em, quem sabe um dia, reencontrar algumas daquelas crianças com quem “convivi” por um tempo tão breve, numa casa de passagem, por exemplo.

Algumas situações às vezes parecem tão complicadas e doloridas que muitas vezes me vi questionando se àquelas crianças e adolescentes fora dado o direito de se tornarem adultos. Sim, me dói falar sobre isso, mas existe no mundo aí fora uma realidade feita de drogas, crimes, violência, que na maioria das vezes atinge uma porcentagem bem específica da população. Não estou dizendo que aqueles adolescentes tivessem qualquer “tendência” ou predisposição à violência ou ao uso de drogas, mas que infelizmente num mundo como o nosso nem sempre as oportunidades de crescimento, tanto social, quanto mental, espiritual e profissional estão ao alcance de todos. Penso por exemplo naquela criança “adotada” e depois “devolvida”, como uma mercadoria vencida. Até que ponto eu, no lugar dela, seguraria a revolta ou o sentimento de rejeição?

Os meus escritos são sempre imprevisíveis, especialmente para mim. Quando iniciei o presente texto, era para contar sobre um episódio que me fez pensar sobre as ligações que parecem vir de outras vidas e de repente me vejo falando sobre aquele grupo de crianças e pré-adolescentes que faziam fila para ganhar alguns minutos de colo e, de consequência, de afeto. Seres humanos para os quais não faltava nada de “básico”: cama, comida, agasalho. De um modo ou de outro, até um pouco de afeto acho que recebiam. Mas o mínimo indispensável (E eu entendo, eram muitas crianças para poucas pessoas). Bom, o que eu sei é que quando realizamos aquele projeto naquela casa de passagem, nosso objetivo era trabalhar vínculos, afeto. Entramos pensando em doar. Doar um pouquinho do nosso tempo, um pouco de carinho, um pouco de amor. Só que no final, quem mais recebeu fomos nós.

Deixa eu ver se consigo voltar para o “argumento chave” sob o qual gostaria de discorrer.

Nestes mais ou menos 15 anos em contato com crianças, claro que algumas me marcaram mais, é óbvio que algumas histórias ou vivências são inesquecíveis (Algumas que talvez na época tenham sido desafiadoras e que agora só me fazem sorrir… ou cair na gargalhada; outras, que me emocionam pela carga afetiva gigante) e embora eu me considere sortuda e privilegiada, pois com praticamente todos eles construí uma linda relação, estaria mentindo se dissesse que não tive os meus preferidos. Eu tive, ou melhor, tenho. Vários. Espirituosos, divertidos, inteligentes, afetuosos, criativos. São aqueles cuja relação parece ter vindo não de hoje, não desta existência, mas cujo reencontro parece ter sido programado ainda lá no Mundo Espiritual. Dentre eles, é sobre uma certa menininha que eu gostaria de falar.

A gente se “conheceu” num momento no qual meu horário de trabalho tinha sido reduzido e eu precisava “preencher” aquele espaço, falando sob o ponto de vista econômico. Já aqui a gente percebe que em tudo existe um lado bom. Se eu não tivesse tido o meu horário reduzido, não teria tido a necessidade de procurar um outro emprego e talvez jamais tivéssemos nos conhecido. Pois bem. Mas a questão não pára por aí. À parte o vínculo de carinho e afeto que rapidamente se instalou entre nós, acabei por criar uma relação de afeto e cumplicidade com toda a sua família. O que, na verdade, já me acontecera outras vezes, portanto, até aqui, nenhuma novidade. Até o dia em que precisaram de mim num final de semana e combinamos que depois o meu marido iria me buscar. Ele chegou, o fizeram entrar, e dali se instaurou uma amizade que se tornou mais do que especial. As nossas famílias, de certo modo, acabaram se unindo de uma forma incrível. Tanto que não só acabamos conhecendo grande parte da família deles, como eles também acabaram conhecendo a nossa! Conhecendo não no sentido de terem ouvido falar, mas de terem se encontrado e passado algum tempo juntos!

Desta relação incrível que se instaurou, o que mais me chamara a atenção fora a ligação que se instaurara entre aquela menininha super divertida e o meu marido. Era, ou melhor, é impressionante, lindo de se ver!

A única explicação plausível que eu consigo encontrar sobre isto é que o deles não seja um encontro, mas um reencontro.

Não digo que tenham sido pai e filha em uma outra encarnação (embora possa até ser), mas com certeza são dois espíritos muito, muito afins. Eu também, claro, sinto fazer parte deste mesmo grupo, mas talvez meu papel tenha sido intermediário, para propiciar tal encontro. Famílias espirituais. Famílias especiais.

Então. A cada nosso encontro com eles (faz um tempinho que não trabalho mais com eles, mas seguimos em contato), a impressão, a sensação de que nos conhecíamos de outras existências se reforçava. E ontem, aconteceu uma coisa incrível!

Tínhamos ido (os 2) ficar com ela, pois seus pais tinham um compromisso e pediram se poderíamos ficar com ela, o irmão e um priminho. Era já noite, relativamente tarde, ela cansada, meio chorosa, quando a peguei no colo e fui até a janela. Comecei a lhe mostrar o céu e apontei a estrela mais brilhante, que, aliás, acho que na verdade era um planeta, provavelmente Vênus. Pois bem.

Inicialmente ela fez um comentário que acredito ser comum a qualquer criança, dependendo, claro, das estórias que nós adultos lhes contamos: que ali morava a Fadinha dos dentes! Que aquela, aliás, não era uma estrela, mas a fadinha! Que ela aparecia durante a noite e durante o dia se escondia. (Aqui, entrei na sua dedução e comentei que de repente durante o dia ela aparecia para as crianças do outro lado do planeta, onde é noite quando aqui é dia. A sua resposta? “Sim, pode ser!”)

O interessante, no entanto, foi o que veio depois. Ela apontou para o céu e começou a contar que há muito tempo atrás a gente voava /flutuava. Que vivíamos num lugar, num planeta onde tudo flutuava (volitava?). Neste lugar tinham casas, árvores, plantas, animais… tudo, tudo “voava”… A estas alturas, meu marido perguntou se tinha bonde e se o bonde também flutuava, ao que ela respondeu: tinham patinetes! Mas o mais lindo di discurso foi: e neste lugar, onde eu morava, morava todo mundo, mamãe, papai…VOCÊS TAMBÉM! Vocês também moravam lá.

Até que idade mesmo as crianças ainda têm lembranças da vida no Mundo Espiritual? Porque a descrição dela, mais do que fantasia, parecia tanto com a descrição de uma Colônia Espiritual! Uma cidade com tudo, “como a nossa”, mas onde volitámos… mas com mais harmonia, mais beleza…

Enquanto redijia este texto, lembrei de um outro fato que, na hora, não dei muita bola, mas hoje resolvi pesquisar (sempre falando sobre lembranças da Espiritualidade) e…bom, talvez para vocês não faça sentido, mas eu, confesso, não tive como não me meter a pensar.

Sobre a mesa, um quebra-cabeças do Sistema Solar. Os planetas, a lua, o sol. Eu mostro pra ela a Terra, comento que é ali que moramos. Ela nos mostra Júpiter e diz que ela vem dali, que aquela é a casa dela. Fica brava quando alguém lhe diz que ela é uma aliena, mas insiste em dizer que seu lar é Júpiter.

Na Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1858- Março, encontra-se o seguinte trecho:

De todos os planetas, o mais adiantado em todos os sentidos é Júpiter. É o reino exclusivo do bem e da justiça, porque só tem bons Espíritos. Pode-se fazer uma ideia do estado feliz de seus habitantes, pelo quadro que demos de um mundo habitado apenas por Espíritos da segunda ordem.

A superioridade de Júpiter não está somente no estado moral dos seus habitantes; está também na sua constituição física. Eis a descrição que nos foi dada desse mundo privilegiado, onde se encontra a maior parte dos homens de bem que honraram nossa Terra com sua virtude e com seu talento:

A conformação do corpo é mais ou menos a mesma dos habiantes da Terra, mas ele é menos material, menos denso e de um peso específico muito pequeno. Enquanto nós rastejamos penosamente na Terra, o habitante de Júpiter se transporta de um a outro lugar, deslizando pela superfície do solo, quase sem fadiga, como o pássaro no ar ou o peixe na água. Sendo mais depurada a matéria de que é formado o corpo, dissipa-se após a morte, sem ser submetida à decomposição pútrida. Ali não se conhece a maioria das moléstias que nos afligem, sobretudo aquelas originadas nos excessos de todo gênero e na devastação das paixões. A alimentação está em analogia com essa organização eterizada; não seria suficientemente substancial para os nossos estômagos grosseiros, e a nossa seria demasiado pesada para eles. É composta de frutos e plantas, aliás, eles a haurem de alguma maneira, em sua maior parte, no meio ambiente, cujas emanações nutritivas aspiram. A duração da vida é proporcionalmente muito maior do que na Terra. A média equivale a cerca de cinco dos nossos séculos. O desenvolvimento é também muito rápido e a infância dura apenas alguns de nossos meses.

Sob esse envoltório leve, os Espíritos se desprendem facilmente e entram em comunicação recíproca apenas pelo seu pensamento, sem contudo se excluir a linguagem articulada; também a segunda vista lhes é faculdade permanente. Seu estado normal pode ser comparado ao de nossos sonâmbulos lúcidos.É por isso que eles se nos manifestam mais facilmente que os encarnados em mundos mais grosseiros e mais materiais. A intuição que têm do seu futuro; a segurança dada por uma consciência isenta de remorsos fazem com que a morte não lhes cause nenhuma apreensão. Veem-na chegar sem medo e como uma simples transformação.

(…)

Os Espíritos que habitam Júpiter geralmente se comprazem, quando querem comunicar-se conosco, em descrever seu planeta. Quando lhes perguntamos a razão, respondem que o fazem a fim de nos inspirarem o amor do bem, de par com a esperança de lá chegarmos um dia. Foi com este propósito que um deles, que viveu na Terra com o nome de Bernard Palissy, célebre oleiro do século XVI, tentou espontaneamente, e sem que ninguém lho pedisse, uma série de desenhos, tão notáveis por sua originalidade quanto pelo talento de execução, destinados a nos dar a conhecer, nos seus menores detalhes, esse mundo tão estranho e tão novo para nós. Uns retratam personagens, animais, cenas da vida privada; os mais admiráveis, entretanto, são os que representam habitações, verdadeiras obras primas de que coisa alguma na Terra nos poderia dar uma ideia, pois não se assemelham a nada que conhecemos. É um gênero de arquitetura indescritível, tão original e entretanto tão harmoniosa, de uma ornamentação tão rica e tão graciosa, que desafia a mais fecunda imaginação. Victorien Sardou, jovem literato de nosso círculo de amizade, cheio de talento e de futuro, mas sem habilidade de desenhista, lhe serviu de intermediário. Palissy prometeu-nos uma série que de certo modo será uma monografia ilustrada sobre esse mundo maravilhoso. Esperamos que essa original e interessante coletânea sobre a qual falaremos em artigo especial consagrado aos médiuns desenhistas, um dia possa ser entregue ao público.

O planeta Júpiter, a despeito do quadro sedutor que nos foi dado, não é, entretanto, o mais perfeito dos mundos. Outros há, de nós desconhecidos, que lhe são muito superiores, quer física, quer moralmente, e cujos habitantes gozam de felicidade ainda mais perfeita: são eles o repouso dos Espíritos mais elevados, cujo envoltório etéreo nada mais tem das propriedades conhecidas da matéria”. Fonte: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/20/revista-espirita-jornal-de-estudospsicologicos-1858/4378/marco/jupiter-e-alguns-outros-mundos

Talvez seja tudo uma grande coincidência, mas quem sabe esta menina não seja justamente um espírito vindo de um planeta mais evoluído do que o nosso, com a missão de nos ajudar?

Marian

Nuovi percorsi

24 jan

Nel 2023 ho iniziato un nuovo percorso di studi, incoraggiata, pensate un po’, dalla madre di una delle bimbe di cui mi sono presa cura in quella, che, qui in Italia, ha finito col tempo per diventare la mia professione.

In realtà ero lontana dalle banche universitarie dal 2010, quando, già a Milano, ho concluso un Master in Cure Palliative. Ecco. Laureata in Psicologia, specialista in Psico-oncologia ed in Medicina Psicosomatica, mi ero abituata a lavorare con la sofferenza, la malattia, la morte. Il destino però ha voluto che io prendessi nuove direzioni, intraprendessi nuove strade. Ed eccomi qui.

Iscritta ad un’Università Telematica, studio Scienze dell’Educazione, che non è altro che la “vecchia” Pedagogia, rivisitata, ampliata.

Studiare sembra essere qualcosa di così presente nella mia vita che, se mi fermo a pensare, mi rendo conto che è come se tra il 2010 e il 2023 avessi vissuto un periodo di “latenza”, del resto ci avevo passato praticamente tutta la vita” studiando”, fin da quando avevo 2 anni! Confesso però che noto in me il passare del tempo e che forse la mia capacità di memorizzazione non è più la stessa di 13, 14, 15 o anche 20 anni fa. Laurearsi a 24 anni è decisamente diverso dal “tornare a studiare” a 46. Credo però che nulla nella nostra vita accada per caso e che tutto abbia uno scopo più grande, quindi, eccomi qui!

Come se non bastasse dover conciliare studio e lavoro (e anche momenti di riposo e di svago, del resto, non possiamo dimenticare quanto sia importante prenderci cura della nostra salute fisica e mentale), ho ancora un’altra “sfida” ” da affrontare in questo percorso: il fatto di frequentare l’università in una lingua che non è la mia lingua madre e di dover affrontare anche differenze legate al sistema scolastico, ai criteri di valutazione, ecc. Ma forza, ce la posso fare, del resto, come dice il proverbio, “Entrou na água é pra se molhar”!(In acqua si va a bagnarsi)

Devo confessare che ho sempre sofferto di una sorta di “ansia da prestazione”. Anche se col tempo ho imparato che non sempre chi riesce a fare il meglio nella vita, chi costruisce un futuro migliore, è necesariamente chi ha avuto i voti migliori a scuola, mi basta guardare la quantità di cose che devo studiare per un dato esame che il mio battito accelera e mi viene una sorta di angoscia, una “voglia di piangere”. Paura, di fronte a così tanti contenuti, di confondere le cose, di confondermi, di non riuscire ad esprimermi.

Qui all’università gli esami sono orali. Ecco, io sono una persona che si esprime molto meglio scrivendo che parlando. (Tanto che ho un “blog” e non un canale su TikTok o una pagina su YouTube).È facile immaginare quanto non sia semplice per me dover sottopormi a questo tipo di valutazione. Bene, ma lasciate che vi racconti come è stato l’inizio di questa traiettoria e come sta andando il mio percorso finora.

Ho iniziato la mia formazione studiando Storia della Pedagogia e delle Istituzioni Educative. Ciò che forse i docenti, i colleghi del corso o anche le persone in generale non si sono resi conto è che, non avendo studiato a scuola la storia italiana e quella europea (ad eccezione di eventi importanti a livello mondiale, come la Rivoluzione Industriale, le Grandi Guerre e i Regimi Totalitari) per esempio), cose che forse per loro erano semplici e logiche, per me richiedevano più tempo di studio. Ma alla fine è andata bene!

Mi sono innamorata di alcuni modelli pedagogici più di altri e ho cercato di vedere quanto di buono potesse portare ciascuno di essi. Ho capito meglio il pensiero di Maria Montessori, ma mi sono anche innamorata del lavoro e dell’esperienza di Fröeber, dei progetti pieni di gentilezza e amore di Pestalozzi e Don Bosco e, in un certo senso, della visione avanzata di Rousseau sotto molti aspetti (anche se non posso essere d’accordo con la sua visione in generale, che però, ricordiamoci, ha a che fare con l’epoca in cui è vissuto!). Oh, e tutto questo per non parlare del “museo delle ciasfrusaglie” delle sorelle Agazzi! Comunque. L’insegnante della materia e il tutor sono stati così presenti durante il mio percorso e hanno fatto tutto in modo così “appassionato” che, nonostante il nervosismo fosse più che visibile al momento dell’Esame, tutto sommato è andato bene.(Ovviamente a lavoro finito mi sono venute in mente molte altre cose che avrei potuto dire. Insieme a queste, anche una reazione non così semplice da spiegare: sono scoppiata a piangere!).Vai a capire. Bene allora.

Mi sono concessa qualche giorno di riposo e poi ho iniziato a dedicarmi allo studio di Sociologia dei processi culturali e comunicativi.

Che nome complicato! Ma in pratica, cosa significa questo? Ebbene, la sociologia studia fondamentalmente l’uomo e il suo rapporto con la società, giusto? In altre parole, l’uomo è inserito in un contesto sociale e culturale, che è quello che gli permette, in parole povere, di diventare quello che è, di potersi relazionare e convivere con gli altri, di acquisire valori, ecc. E la cultura, che in realtà è un processo, poiché è in costante cambiamento, riflessione ed evoluzione, può essere preservata/vissuta solo se trasmessa. E perché ciò sia possibile è necessaria la comunicazione. Ecco. L’uomo, in un contesto sociale, vive e si adatta ai cambiamenti culturali, sociali e tecnologici, che si riflettono sul suo modo di vivere, lavorare, agire e anche pensare. Il progresso, le differenze, le cose che li uniscono o che li separano. Una materia densa, complessa, ricca di teorie e spunti di riflessione.

Degli otto moduli della disciplina, 4 sono direttamente legati alla cultura. Quanto agli altri 4, sebbene si riferiscano maggiormente alla tecnologia e alla comunicazione, in un certo senso sono legati anche a fattori e cambiamenti a livello culturale.

Stavo pensando a come spesso finiamo per “incorporare” (o introiettare) concetti. Sappiamo (o crediamo di sapere) cosa significano, lI applichiamo nel nostro linguaggio quotidiano, ma non ci fermiamo a pensare esattamente a cosa si riferiscono. Come dire… “So di cosa si tratta, ma non riesco a spiegarlo”Così è. Pensiamo, ad esempio, al concetto di cultura.

Ho perso il conto di quante volte ho sentito (o usato) la frase: “Ah, questo è culturale!”

A volte questa espressione sembra semplicemente spiegare una differenza, mentre altre volte è quasi come se diventasse una scusa, una giustificazione o semplicemente un’affermazione fatta quando in realtà non sai esattamente cosa dire.

Nel dizionario troviamo soprattutto due significati “grandi” della parola cultura. Il primo risale al XVIII secolo, periodo dell’Illuminismo, il secolo dei Lumi ed è direttamente legato alla classe borghese e nobiliare, poiché è associato, ad esempio, alla conoscenza ottenuta attraverso i libri, gli studi e l’istruzione universitaria. In questo senso, il concetto di cultura è individuale e di solito è accompagnato da un altro sostantivo, cioè si tratta di un tipo di cultura molto specifico.

Anche se tendiamo ad associare questa definizione di cultura a chi ha una Formazione Accademica, oserei dire che il caro Bibi, già ben noto a chi legge i miei testi, pur non potendo frequentare l’università, era estremamente colto. Persona colta!Ecco, in poche parole, la prima definizione di cultura!

Cerco di spiegare meglio. Lo zio Ruben, pur non avendo frequentato l’Università, poteva infatti essere considerato una persona colta, poiché era un grande lettore, studioso, curioso del mondo e appassionato di musica, soprattutto classica e contemporanea. Quando andò in pensione, cominciò a dedicarsi alla sua grande passione: la musica.

Non avendo avuto l’opportunità di imparare a suonare uno strumento musicale da giovane e (ahimé) credendo che, all’età di 50 anni, fosse troppo tardi per “imparare” qualcosa, ha iniziato a collezionare LPS e K7. più tardi, Cd). Ma non passava le sue giornate semplicemente comprando dischi e ascoltando musica. È andato oltre. Ogni disco che comprava, lo catalogava, lo classificava, lo ricercava: la storia della musica, la biografia dei compositori, le diverse versioni e registrazioni della stessa opera. Nascono così grandi cataloghi numerati, informazioni rigorosamente compilate a macchina. (Macchina da scrivere).(Anche più tardi, con l’avvento dei computer, scelse di restare con la sua vecchia macchina da scrivere. Con alcune lettere mancanti, tasti che non funzionavano più così bene, ma trovava sempre un modo.

Arrivò un momento in cui la sua cultura musicale era così grande che musicisti e anche direttori d’orchestra prestigiosi venivano a casa sua/nostra, non solo per parlare, per vedere la sua collezione, ma anche per chiedere la sua opinione: sulle opere, sui compositori, sui possibili programmi, eccetera.

Oggi purtroppo non è più tra noi, ma la sua cultura musicale è evidente nei suoi archivi, nelle migliaia di CD catalogati e in alcune vecchie cronache di giornale. Persona di grande cultura, soprattutto musicale.

In questo senso, come visto in precedenza, la parola cultura ha a che fare con la conoscenza, ha cioè una connotazione più intellettuale.

La seconda definizione di cultura riguarda quella che spesso chiamiamo “cultura popolare”. Sono quegli usi, credenze, abitudini, oggetti, cibi (piatti tipici?), insomma tutto ciò che, in un certo modo, “accomuna” un gruppo, una certa popolazione, allo stesso tempo che lo differenzia dagli altri.

A differenza della prima definizione, con una connotazione più individualizzata e intellettualizzata, questa seconda accezione del termine cultura ha un carattere più comprensivo, più universale. Anche così, non esiste un’unica cultura (né esisterà mai). Al contrario, sono proprio le differenze a rendere, secondo me, le culture un argomento di studio così interessante!

Quando parliamo di culture diverse, tendiamo a pensare a luoghi lontani tra loro: una tribù in Africa, un gruppo indigeno in Amazzonia, gli abitanti di una città europea. Dimentichiamo che, in realtà, le differenze culturali possono essere percepite chiaramente molto più vicino a noi.

Pensiamo all’Italia e alle differenze tra le sue diverse regioni, in termini di usi, costumi, comportamenti, lingua (con i suoi diversi dialetti e forme espressive), piatti tipici… Pizza bassa o pizza alta? Intero o a pezzi? In padella o nel forno a legna? Carbonara con pancetta o guanciale?.

Per quanto riguarda le differenze culturali che esistono in Italia, vale la pena fare un giro tra gli stand italiani durante “Artigiano in Fiera”, la fiera dell’artigianato che si svolge ogni anno all’inizio di dicembre a Milano (e qui non sto nemmeno considerando le differenze legate al gran numero di stranieri presenti nel Paese!)

Ebbene… se nella penisola italiana che, a pensarci bene, non è “così” grande, cosa possiamo dire del Brasile? Il Brasile è come il mondo intero insieme, ma più piccolo!

Una curiosità: sapevate che, dal punto di vista della estensione, nel Brasile ci stanno 28 Italie?

La cultura brasiliana è composta da innumerevoli sottoculture. No, forse “sottocultura” non sia il termine più appropriato, poiché dà l’idea di qualcosa di “inferiore”. Infatti il Brasile, con il suo vasto territorio e la sua popolazione composta da genti dalle origini più diverse, è un mix di culture!Un paese multiculturale o interculturale? Possono essere entrambe le cose allo stesso tempo?

Un Paese multiculturale, credo, è un luogo con abitanti provenienti da luoghi diversi, eredi di culture diverse, dove ognuno vive a modo suo, conservando le proprie abitudini, i propri costumi, le proprie tradizioni, ma non esiste uno “scambio” per così dire. Io ti rispetto, tu rispetti me, ma “a ciascuno il suo”.

Per quanto riguarda un Paese interculturale, immagino che sia un luogo dove culture diverse interagiscono tra loro e insieme finiscono per creare nuove abitudini, nuovi costumi, nuove culture.

Conoscete quel concetto utilizzato sia in alcuni ambiti della Psicologia che della Fisica Quantistica, secondo il quale il TUTTO è diverso dalla SOMMA delle sue parti? Ecco. È più o meno così che lo immagino quando penso ad un luogo Interculturale. E la prima cosa che mi viene in mente, quando mi fermo a pensare a un esempio di questa “interculturalità”, è la “Lavagem do Bonfim”. (Il lavaggio della scalinata della chiesa del Nosso Senhor do Bonfim, a Salvador de Bahia). L’unione delle loro culture, attraverso le loro credenze, forma uno spettacolo di bellezza, fede, religiosità e amore.

In effetti, adesso mi è venuto in mente (anche se la mia idea iniziale era di discutere questo argomento in seguito) qualcosa legata alla dinamicità della cultura, cioè al quanto essa sia dinamica e si sta sempre trasformando, adattandosi. Spesso questo sembra essere l’unico modo per cui una certa cultura riesca ad essere trasmessa o addirittura preservata.

Lasciatemi spiegare perché il ricordo della “Lavagem do Bonfim” mi ha fatto riflettere sulla questione che una cultura è dinamica e, di conseguenza, cambia, per adattarsi e addirittura preservarsi: fatto sta che questa “festa”, questo “rito ”, viene portato avanti soprattutto dai discendenti degli schiavi, seguaci, appunto, di una religione di origine africana.

I portoghesi, che furono i primi a “colonizzare” il Brasile (e qui potrei entrare nella questione che erano “etnocentrici”, poiché credevano che la loro cultura fosse superiore alla saggezza indigena e, secondo loro, saper vivere in comunione con la natura, prendendo da essa solo il necessario e facendo di essa la loro casa, la loro scuola, la loro farmacia e perfino il loro ospedale, era una cosa “primitiva”), avevano ridotto in schiavitù gli africani, che finirono per sbarcare anche in Brasile, in grandi navi, ben note come “navios negreiros”.

Potrei parlare di innumerevoli cose legate alla schiavitù in Brasile e alle sue tristi conseguenze, ma finirei per allontanarmi dal tema principale di questo scritto.Torniamo all’argomento: i portoghesi proibivano ai neri di adorare i loro dei. Ma cosa hanno fatto per preservare, in un certo modo, la loro cultura e continuare a esprimere la loro fede? Si sono adattati! Poiché non potevano adorare le immagini dei loro Dei, iniziarono ad adorare le immagini della Chiesa Cattolica! Così Ogun divenne San Giorgio, Oxum Santa Bárbara, Iemanjá Nossa Senhora e così via. Ma le cose non si fermano qui! Dall’unione del cattolicesimo con le religioni di origine africana e i riti delle popolazioni indigene finirono per formarsi nuove religioni!

L’esempio sopra riportato, infatti, oltre a farci riflettere sul dinamismo della cultura, ci porta anche a renderci conto di quanto essa sia operativa, poiché mette l’essere umano nella condizione di agire in relazione al proprio obiettivo, adattandosi. La cultura, in altre parole, è operativa perché ci guida, controlla il nostro istinto, i nostri impulsi, permettendoci così di vivere/coesistere nella società. Cercherò di semplificare: immagina di essere in un teatro, guardando un concerto di musica classica, quando ti accorgi di avere fame.Beh, se dipendesse dal tuo istinto, apriresti la borsa, tireresti fuori il panino o il sacchetto di biscotti che avevi lasciato lì e inizieresti a mangiare. Ma in realtà, invece di comportarti così, aspetti che il concerto finisca o almeno che arrivi l’intervallo.Chi ti ha guidato o, in altre parole, chi “operava” affinché tu agissi in questo modo? Esattamente! La cultura!

Un’altra cosa molto interessante è pensare a come alcune cose cosiddette “culturali” permeano le generazioni, mentre altre, nel tempo, cambiano o semplicemente cessano di esistere. Questo perché la cultura è selettiva e, inoltre, è inevitabilmente influenzata e influenzabile.

Esistono poi, nel cuore della foresta amazzonica, tribù che vivono completamente isolate e non hanno mai avuto contatti con nessun essere umano che non facesse parte di quel gruppo o, in altre parole, di quella “cultura”.Tuttavia, la deforestazione della foresta (che ha qualcosa a che fare con la cultura, poiché, nella nostra storia, disboscare la foresta per creare spazi per allevare bestiame o piantare semi di soia è stato, per lungo tempo, un modello di cultura socialmente accettato), ha fatto sì che anche loro avessro bisogno di adattarsi a una nuova realtà, a un nuovo clima e, di conseguenza, a una nuova cultura, per garantire anche la propria sopravvivenza.È vero che forse non sarò in grado di “dimostrare” questa mia deduzione, ma credetemi: qualsiasi cambiamento nell’ambiente che ci circonda, in un modo o nell’altro, finisce per farci modificare, adattare .

Per quanto riguarda i modelli culturali, la cultura è proprio questo: un complesso di modelli, come se ci fornisse una guida, un “manuale di istruzioni”, che ci orienta su come comportarci e anche su come pensare. Tali modelli, da noi introiettati, sono direttamente collegati al contesto in cui viviamo. Queste sono quelle “regole” con cui siamo stati educati e, alla fine, finiamo per seguirle automaticamente, senza bisogno di pensare razionalmente prima. (Regole, abitudini e comportamenti che, però, potrebbero non avere lo stesso valore in un altro contesto sociale e/o culturale. Un semplice esempio? Per mangiare usiamo le posate. Gli eritrei, invece, mangiano con le mani, facendosi aiutare con tocchetti di pane chiamati “Injera”.

Oltre ai modelli (tipo linee guida) sopra menzionati, essa (la cultura) è costituita anche da modelli di riferimento. Avete presente quella cosa… “Da grande voglio essere come lui/lei?” – E qui le figure di riferimento possono essere le più diverse, tra cui genitori, insegnanti, personaggi famosi o anche utopici o difficili da realizzare, modelli intangibili. Sono modelli che rappresentano come stanno le cose o, soprattutto, come dovrebbero essere le cose per ciascuno di noi.

In questo senso anche la cultura ha subito cambiamenti nel tempo. Ad esempio: il modello ideale di donna, in passato, era una figura sottomessa, prima al padre e poi al marito. Qualcuno che potesse offrire “una casa pulita, cibo in tavola e panni lavati”. Inoltre, aveva bisogno di sposarsi giovane e di avere “un sacco di figli”. Ebbene, va da sé che, almeno nella cultura occidentale, le cose sono cambiate, no?

Devo confessare, però, che a volte i cambiamenti avvenuti nei modelli culturali, sia di guida che di riferimento, mi preoccupano un po’. Forse sono io che la penso un po’ all’antica, ma ho notato una certa inversione di valori e un aumento di comportamenti violenti o autolesionistici.

La cultura, per essere preservata, ha bisogno di essere comunicata. Una volta questo veniva fatto attraverso la parola. Dalle storie raccontate, in famiglia, attorno al fuoco, nei pranzi domenicali… (Ovviamente qui sto romanticizzando) – Certo, come dice il proverbio, “chi racconta una storia aggiunge un punto”. (Quem conta um conto aumenta um ponto). Inoltre, basti pensare al gioco del “cordless”, o sia, “il telefono senza filo” – Il “cambiamento” dal punto di partenza a quello di arrivo era, il più delle volte, inevitabile. Poi è arrivata la scrittura e, con essa, una possibilità ancora maggiore per la cultura di essere divisa, insegnata, condivisa! In un certo senso, la Scrittura è diventata, per la cultura, uno dei suoi più grandi alleati. almeno fino all’arrivo della generazione Web.2, cioè questa nuova tecnologia, che ci offre l’opportunità di comunicare, conoscere, modificare e perfino creare nuovi costumi, nuove abitudini, nuovi comportamenti e perfino nuove culture. E tutto molto più velocemente.

Ah…pensate che una volta, tornando a casa dall’università, sul Trensurb (una specie di metropolitana, ma in superficie – anche se forse somiglia più a un “Passante Ferroviario”), presi il mio diario e cominciai a scrivere un testo sull’accelerazione del tempo. Questo nel 1998! Tempo del computer 486, internet via telefono, connessione lenta…Per noi, però, quello era stato un cambiamento incredibile! Noi avrei mai potuto immaginare che le cose sarebbero cambiate sempre più velocemente.

La cultura, in generale, ha a che fare con ciò che le persone fanno, pensano e producono. Come già detto, è differenziata, dinamica, operativa, selettiva, comunicativa e, guardate che interessante: olistica!

Devo confessare che quando il docente del corso ha iniziato a parlare della dimensione olistica della cultura, ho subito pensato ad una visione completa e complessa, una visione “integrale” per così dire.

Sono un grande amante del termine “olistico”, ancora di più dopo essermi laureata in Psico-oncologia e, qualche anno dopo, in Medicina Psicosomatica. Nel mio caso il termine è stato applicato in termini di “Cura Integrale” dell’essere umano, visto, come accennato in precedenza, come un essere completo e complesso, dove la cura deve andare oltre la cura medica, ma deve abbracciare tutti gli aspetti. In altre parole, la mia visione dell’essere umano è quella di un essere bio-psico-sociale-spirituale e, perché no, culturale. Una visione che, a mio avviso, non è affatto innovativa, poiché Ippocrate molto tempo fa affermava che non era possibile prendersi cura del corpo senza prendersi cura dell’anima. Bene allora. Per me tutti questi aspetti non solo sono importanti, ma si influenzano e si influenzano costantemente a vicenda. Ma torniamo alla cultura.

Quando, durante il corso, ci è stato detto che la Cultura è olistica, cioè complessa e integrale, essendo formata da elementi che sono in rapporto di reciproca interdipendenza, l’ho immaginata come qualcosa soprattutto di armonico. Si è però dato di intendere che, in questo senso, una cultura potrebbe essere più “chiusa” di un’altra e che, ad esempio, la cultura indù (con la sua divisione in caste) sarebbe più olistica di quella occidentale.

Sì, forse la cultura dell’Occidente rispetto a quella dell’Oriente è meno olistica, perché siamo un popolo, o meglio, abbiamo un tipo di cultura più egoista, più individualista.

All’inizio ho avuto un po’ di difficoltà a comprendere che, quando si ha a che fare con una visione di popolazione in generale (e non a livello individuale), il concetto di olismo forse andrebbe visto in un altro modo, del resto, ad esempio, una cosa è percepire che il nostro stato fisico influenza quello emotivo e viceversa e un’altra cosa è pensare al concetto di olismo usato in modo più ampio. In altre parole: credo che alcune culture siano più olistiche di altre, ma mi è difficile capire perché siano spesso viste come più chiuse o isolate. (“Popolarmente” perché, in verità, questo sarebbe un “giudizio”, una forma di pregiudizio – pre-giudizio).

Un’altra cosa davvero interessante della cultura è che è creativa! Dopotutto, se così non fosse, finirebbe per non innovarsi!

Tornando a parlare di differenze culturali, mi viene in mente una cosa che ho trovato molto strana quando sono arrivata qui a Milano e a cui, lo confesso, quasi 15 anni dopo, non mi sono ancora abituata: la gente che prende il sole nei parchi.. .in bikini o in pantaloncini! (Senza maglietta). E che dire del fatto che ci sono persone che entrano addirittura nelle fontane? Questa, infatti, potrebbe essere una di quelle azioni “teoricamente” vietate, ma nella pratica culturalmente accettate. (C’è un termine per questo, che non mi viene in mente in questo momento).

Mi scuso se questo testo è così lungo, ma ho così tante cose da commentare! Molto interessanti, ad esempio, sono stati gli studi condotti dalle scuole americana, francese e tedesca legati alla cultura, in termini di trasmissione, simbolismo e prospettiva.

Un lavoro che ho trovato molto interessante (forse perché in un certo senso mi posso identificare con esso) è stato quello di Willian Thomas, della Scuola di Chicago, che analizzava il modo in cui la cultura di origine degli immigrati (nel suo caso quella polacca) ) si concentravano sul modo in cui si inserirono nella comunità in cui si insediavano. Di fondamentale importanza era il modo in cui interpretavano la realtà, la situazione concreta/reale in cui si trovavano, in relazione alla cultura da cui provenivano. In poche parole: “La cultura da cui provengo, cioè quella che porto con me… favorisce o ostacola il mio processo di adattamento nel nuovo Paese?”

Il numero dei brasiliani residenti in Italia è enorme. Poiché il Brasile, come ho detto prima, è un paese “grande quanto un continente” e con un’immensa diversità culturale, è certamente impossibile trovare uno “standard” quando si tratta di adattarsi a questa “nuova vita, in un nuovo posto”. Credo, infatti, che la differenza dipenda non solo dalla cultura a cui si appartiene, ma anche dalle ragioni che ci spingono a migrare.

Non ho avuto particolari difficoltà o grossi problemi di adattamento. Ok, da un certo punto di vista sono una persona “facilmente adattabile”, ma… il fatto che io sia di origine italiana e provenga da una città di colonizzazione italiana può aver influito su questo tema? Certamente sì! E anche il fatto che provengo dall’unica parte del Brasile dove il clima non è tropicale!

Devo confessare, però, che un’altra teoria delineata da Thomas, la cosiddetta “Teoria dell’Uomo Marginale”, mi ha fatto riflettere per qualche istante.

L’uomo marginale è colui che sperimenta un’incongruenza tra il sistema culturale da cui proviene e quello della società in cui si insedia, vivendo una duplice perdita: di status (di riconoscimento del proprio gruppo) e perdita del senso di identità, cioè il riconoscimento del loro ruolo all’interno del gruppo”.

Il termine marginale, qui, è usato nel senso di “margine”, cioè qualcuno che si sente “ai margini”, isolato, come se non facesse parte di quel tutto, come se non appartenesse a quel luogo.

Forse questo è uno dei motivi per cui, soprattutto nelle grandi città, finiscono per formarsi piccole comunità, con persone appartenenti allo stesso luogo di origine, ad esempio: la zona Paolo Sarpi qui a Milano, o gruppi di filippini o peruviani. .

Quando mi sono imbattuta in questo concetto, ho pensato che fosse qualcosa che non mi apparteneva. Dopotutto, come ho già detto, non ho avuto grossi problemi di adattamento nel trasferirmi qui in Italia. È stato quando l’insegnante ha fatto l’esempio di un africano che nel suo paese è laureato e qui lava i vetri dell’auto ai semafori, che ho capito che, in un certo senso, anch’io ho vissuto/vivo un processo come questo: Da Psicologa “formata”, specializzata, membro della Società Brasiliana di Medicina Psicosomatica e della Società di Psico-oncologia, dipendente di una prestigiosa clinica oncologica, volontaria presso un ospedale e con uno studio privato… a baby sitter!

Dopo tutto, chi sono io?

Forse il nostro errore stia proprio lì: cercare di definire chi siamo in base alla professione che esercitiamo, senza renderci conto che la vita è molto più di un diploma, un curriculum, un pezzo di carta. Certo, inizialmente è stato frustrante non poter esercitare la professione nella quale mi ero specializzata, ma col tempo ho finito per rendermi conto che questo non mi avrebbe resa necessariamente più felice di quanto sono.

Forse sbaglio, ma chi mi conosce conosce il mio modo di vedere il mondo, di intendere le cose. Non credo al caso e credo che da tutto ciò che ci accade possiamo tirarne fuori qualcosa di buono. È come se lavorare con i bambini fosse parte di un piano che la Spiritualità Maggiore aveva elaborato per me. All’improvviso, non mi sono più ritrovata a lavorare con il lutto, la perdita, la malattia, il dolore… ma con l’apprendimento, il gioco, l’affetto, l’AMORE. Ciò che doveva essere provvisorio si è consolidato ed è andato oltre. Tanto che oggi sono qui, a cercare un altro diploma, a fare un’altra formazione, grazie all’incoraggiamento e allo stimolo delle persone che mi vogliono bene (comprese le mamme dei bambini con cui ho lavorato). E tutto questo in realtà non perché non mi piaccia occuparmi dei bambini, ma perché in futuro io possa avere anche altre possibilità lavorative, così che si possano aprire altre porte. Beh, stavo parlando di cultura, giusto?

Ah, i coniugi Lynd… pensavano che la complessità della vita in una grande società come quella americana, in fondo, fosse la stessa di un villaggio australiano! Credevano che, partendo dal micro, si potesse arrivare al macro, senza considerare, però, i vari fattori in gioco.

Sempre alla scuola di Chicago, un altro esponente fu Park, che non solo riprese il concetto di uomo marginale, ma analizzò anche la diversità culturale della vita urbana americana, con i suoi conflitti, differenze, segregazioni e facendo capire come ogni luogo, ogni città, ha una propria cultura. (E che, all’interno di ogni cultura, ci sono diverse sottoculture.) A differenza del “Melting Pot” che da sempre caratterizza la società americana, ha parlato dell’importanza di preservare le radici, preservando le tradizioni. E il suo movimento è partito dal Macro per arrivare al Micro!

Melting Pot era un termine di cui non avevo mai sentito parlare. Per cercare di capire cosa significa, basti pensare che “melting pot” significa calderone. La società americana era una società dove tutti migravano, tutti venivano accolti e… messi nello stesso “calderone”. Tutti venivano accettati così com’erano e, come gli ingredienti di una grande zuppa, avevano le loro culture, i loro costumi, “sommati”.- Ma come in un grande “minestrone”, col tempo, credo, alcune “radici” andarono perdute e fu incorporata una “nuova” cultura. (O forse faccio confusione? Beh, ma la metafora del “calderone” mi fa pensare a qualcosa del genere!)

La scuola francese, il cui principale esponente fu Durkheim, invece di cercare di adattare la tecnica utilizzata dagli antropologi, come fecero gli americani, cercò di sviluppare una teoria generale dell’origine e delle funzioni delle rappresentazioni collettive e del simbolismo sociale. Usavano lo stesso oggetto di studio, ma analizzavano le cose in modo diverso! In altre parole, si chiedevano: “come possono le persone vivere nella società senza che ci sia una lotta di tutti contro tutti?” Non dovrebbe essere semplicemente perché siamo tutti esseri razionali, ognuno persegue i propri interessi e, a tal fine, stipula accordi e contratti con gli altri. Ci deve essere qualcosa oltre, qualcosa di molto più profondo! E così hanno capito l’importanza della dimensione simbolica! Del resto, affinché un “contratto” fosse rispettato, occorreva qualcosa di implicito: la fiducia!

La dimensione simbolica è come se fosse il cemento che impedisce il crollo della “costruzione” chiamata “società!”. Fiducia, onestà, rispetto reciproco, cioè tutto ciò che, in un modo o nell’altro, “unisce” le persone, valori, credenze, rituali, cose che uniscono le persone dal punto di vista cognitivo, ma anche morale ed emotivo. Religione, morale, valori, sistemi di classificazione, rientrano nel significato più ampio di cultura, ma soprattutto ogni società, di qualunque tipo, ha fondamentalmente un carattere simbolico.

È complicato, vero? Ma guarda che ha senso: quelli che chiamano simboli sono credenze, rituali, cose che generano una “corrente emotiva”, un consenso morale e cognitivo che finisce per unire le persone, creare legami reciproci, garantire così la comunicazione e permettere a ciascuno di identificarsi con un collettivo che li trascende, cioè che va oltre!

Non possiamo negare, però, che “in passato” abbiamo dato molta più importanza al “gruppo” (Piccole comunità, gruppi collettivi) e che, da quando ci siamo industrializzati, questo pensiero si è indebolito. Sono cose che cambiano nel tempo, ma che non cessano di esistere. Se prima parlavamo di collettività, oggi parliamo di autonomia. Ma parliamo anche di dignità e rispetto reciproco!

I fenomeni sociali devono essere analizzati con una visione olistica, non individualmente, ma come parti di un tutto, allo stesso modo dello studio biologico di un organismo vivente. Sotto questo aspetto la società è qualcosa di più della somma delle sue parti, cioè degli individui.

E arriviamo finalmente al concetto di cultura nelle scuole tedesche!

Bene allora. In Germania, infatti, non avevano una “scuola” vera e propria, ma studiosi che si preoccupavano di affrontare il tema della “cultura” sia a livello teorico che empirico, soprattutto attraverso due importanti dibattiti, sul metodo di studio e sulla tensione esistente tra idealismo e materialismo.

All’epoca nella società esistevano 2 metodi di studio, uno attribuito alle Scienze Naturali e l’altro alle Scienze cosiddette “dello Spirito”, cioè alle Scienze Umanistiche. Il primo si chiamava NOMOTETICO e cercava di scoprire le “leggi generali”, mentre l’altro, chiamato IDIOGRAFICO, studiava il particolare, “caso per caso”, individualmente, per così dire.

Fatto sta che, se ci fermiamo a pensare, entrambi sono aspetti dello stesso processo! Un’analisi generale (Nomotetica?), ci aiuta a comprendere le cause dei fattori naturali, mentre analizzare il singolo individuo, o un caso particolare (Idiograficamente), ci fa comprendere gli effetti di un certo processo, cioè il significato del tutto! E questo è stato proprio il riconoscimento di Weber e Simmel”. Vedevano i 2 metodi non come opposti, ma come complementari!

Conoscete l’espressione: “Fino a prova contraria”?Ecco.

Per Simmel, ad esempio, le scienze possono solo formulare ipotesi, che sono verità frammentate e provvisorie.

Stavo per commentare che pensavo che le verità della scienza fossero assolute… finché non mi sono ricordata delle lezioni di “Fisica Quantistica”!

Un’affermazione molto interessante fatta da Weber è che la conoscenza intuitiva e causale non sono opposte! Che le differenze tra cause naturali e umane stia, in realtà, nello scopo del ricercatore! Il metodo o l’oggetto di studio non sono la cosa più importante: ciò che conta è il significato soggettivo che muove l’agire sociale, cioè la motivazione!

Se non ne approfittassi per fare un “viaggio con la maionese” (modo di dire per esprimere un’idea un po’ “fuori, un po’ “pazzerella), non sarei io: sono l’unica che si è ricordata (di nuovo) degli studi di fisica quantistica, dove la luce “si comporta” come un’onda o una particella, a seconda dello sguardo (motivazione?) dell’osservatore?

Per quanto riguarda il dibattito tra Idealismo e Materialismo, la grande domanda è: i fattori culturali hanno una certa autonomia, essendo in grado di influenzare e modificare le relazioni sociali o sono un semplice riflesso della società/realtà?

Weber riteneva che, proprio come le condizioni economiche (si pensi a Marx), anche i valori e le credenze contribuissero a creare divisione e stratificazione sociale.

Valori e credenze pesano molto, influenzando i comportamenti e il corso degli eventi.

Per Weber e Simmel, credenze e valori, infatti, sono concessioni pubbliche! Un esempio? La trasformazione che ha subito il denaro, acquisendo un carattere simbolico!

Un tempo il denaro aveva valore solo come materiale di scambio: utilizzo il denaro per acquisire qualcosa. Col tempo, ha cominciato ad acquisire “valore in sé” – “accumularsi”! – Il “valore” che prima era soggettivo e che serviva a orientare un certo tipo di comportamento, ora è diventato “oggettivato” – Il valore è diventato, sì, oggetto , “proprietà”.

La cultura moderna è diventata cultura oggettiva, cioè una cultura guidata non più dal soggetto, ma dall’“oggetto”. Una cultura dove avere è più importante che essere! Come se gli oggetti fossero indipendenti, come se stessimo “perdendo il controllo”.Vogliamo sempre di più, di più, di più… non siamo mai soddisfatti. Troppi oggetti, troppe tecnologie, all’improvviso sembra che tutto sia usa e getta. In molti casi anche le persone, le relazioni, l’esistenza stessa.

Sul rapporto tra cultura e società. Personalmente ritengo che l’influenza tra loro sia reciproca e che cercare di scoprire chi è venuto prima sarebbe come cercare di dire se è nato prima l’uovo o la gallina. Tuttavia, ci sono anche altri tipi di relazioni tra i due. Se la cultura influenza la società, ma la società non influenza la cultura, parliamo di determinismo culturale. Se accade il contrario, cioè la società influenza la cultura, ma la cultura non la influenza, abbiamo il determinismo sociale. (In altre parole, chi “determina” è chi influenza!). Se non c’è influenza, parliamo di autonomia!

Sebbene questo testo contenga i miei pensieri e le mie riflessioni, contiene soprattutto definizioni. Pertanto credo sia importante evidenziare che esistono 4 scuole di pensiero che riguardano il modo in cui si forma una cultura! Ognuno di loro vede come la società influenza la cultura a modo suo!

  • Approcci funzionalisti : come suggerisce il nome, analizzano la funzione che la cultura sviluppa, stabilendo e mantenendo il sistema sociale.Per loro, l’attore sociale è passivo e la cultura emerge per associazione. (Durkhein e Parsons sono di questo approccio!)- Culturalmente “dopato”?
  • Approcci casualisti: la cultura è causata da processi che vanno oltre la coscienza degli individui!Tutto è una coincidenza! L’attore sociale è sempre passivo.Freud e Marx sono due dei suoi rappresentanti.
  • Approcci strumentali: gli individui sono esseri razionali che preferiscono il calcolo strumentale. Le norme culturali nascono dalla composizione di tante scelte individuali, sia per mitigare gli aspetti negativi sia per promuovere effetti benefici. Gli attori sociali hanno un ruolo attivo! (Echter è un esempio)
  • Approcci interazionisti: dano priorità all’interazione comunicativa tra i soggetti. Le norme culturali emergono dalla ripetizione di soluzioni a problemi ricorrenti. Anche qui il ruolo degli attori sociali è fondamentale! Collins è il tuo rappresentante.

Esiste anche un quinto approccio, che non si preoccupa di chiarire i rapporti che esistono tra contesti sociali e cultura, ma si concentra sull’analisi della cultura stessa, su come essa si esprime, nelle arti, nei rituali, nelle regole di parentela . Secondo questo approccio, detto strutturalista, il cui principale esponente è Lévy-Strauss, la cultura è la rappresentazione superficiale di una struttura profonda della mente umana, la predisposizione a classificare le cose in termini di opposizioni binarie.

Sempre in tema di cultura, ho trovato molto interessante lo schema ideato da Parsons per spiegare la sua Teoria dell’Azione Sociale, noto come AGIL.(No, non si tratta di “agilità”!)

Confesso che mi ha interessato perché, in un certo senso, sembra andare all’incontro di una visione del soggetto che porto con me! Quella dell’essere umano come essere bio-psico-sociale-spirituale. Beh, non esattamente la stessa cosa, ma quasi!

Parsons ha evidenziato quattro subsistemi che compongono il sistema generale dell’azione sociale:

  • A:adattamento all’ambiente: ruolo dell’organismo, cioè della Biologia
  • G:g per gol!Segnare un goal, cioè raggiungere una meta, un obiettivo. Ha a che fare con la personalità, con la psicologia!
  • I:integrazione: solidarietà! Vivi nella società!
  • L:latenza.Qui egli mette la cultura!

Quindi: bio-psico-socio-culturale. Ma… la cultura non ha a che fare anche con valori, credenze, simboli? Quindi, secondo me, in un certo senso, è incentrato su una dimensione spirituale. (O no?).

Il ruolo dato alla cultura ha occupato un posto molto importante negli studi di Parsons, anche se lui, in segno di dopo, non abbia approfondito molto l’argomento. Durante la creazione del suo sistema, ha utilizzato la cosiddetta Gerarchia Cibernetica (di cui non avevo mai sentito parlare).

Secondo questa gerarchia, le parti di un sistema possiedono, in misura diversa, energia e informazione. Dove ci sono più informazioni, c’è meno energia e viceversa. Inoltre chi ha più informazioni controlla chi ha più energia! (Il cervello controlla le mani) – Sarebbe molto audace da parte mia affermare che l’adulto controlla il bambino perché ha più informazioni (e meno energia?)

Seguendo questa linea di pensiero, per una migliore comprensione chiamerei lo schema di Parsons LIGA, perché così la “lettura” sarebbe più facile da comprendere. (Per me, ovviamente). La cultura (più informazioni) controlla il Sistema Sociale, che a sua volta controlla i fini e gli obiettivi dell’individuo, cioè ne guida le scelte, mentre il pensiero guida l’organismo. La cultura, quindi, guida l’azione sociale!

Dalla lunghezza di questo testo si vede come la cultura sia un argomento complesso, non vi pare?

Ebbene mi sarebbe impossibile parlare di tutto ciò che vorrei, soprattutto perché corro il serio rischio di trasformare questo testo in qualcosa di troppo faticoso. Non posso, tuttavia, non sottolineare che la cultura, in altre parole, è un insieme di valori, norme, credenze e simboli.

I valori sono i nostri “ideali” che ci guidano e ci sostengono! Sono loro che ci aiutano nelle nostre scelte, che ci insegnano a formare giudizi basati su criteri come fiducia, rispetto, pace, onestà, onore, dignità.

Questo mi ha fatto pensare allo scoutismo! Nei valori della promessa scout! In effetti la “promessa” appartiene al fattore simbolico a cui si riferiva Durkhein!

Credo che il concetto di valore e quello di simbolo siano direttamente collegati. Tuttavia, prima di parlare di simboli, è bene ricordare che, come accennavo in precedenza, la cultura è fatta anche di norme e credenze.

I valori coinvolgono affetti, sentimenti. Guidano le nostre scelte, i nostri atteggiamenti. Non hanno nulla a che vedere con ciò che “preferisco”, ma con ciò che ho interiorizzato.

Se trovo un portafoglio pieno di soldi per strada (e nessuno mi ha visto), tengo i soldi per me?Probabilmente no! Ma perché no? Se l’ho semplicemente trovato, cioè, non ho fatto niente di sbagliato? Perché ho interiorizzato il valore dell’onestà, che mi dice di “fare la cosa giusta”! Quindi proverò a identificare a chi appartiene il portafoglio e se non riesco, lo consegnerò alle autorità. Altrimenti mi sentirei in colpa, giudicata (da me stessa).

I valori hanno una dimensione affettiva, che equivale a ciò che “dovremmo” volere, una dimensione cognitiva, che ci mostra “concretamente” il giusto e lo sbagliato e una dimensione selettiva, che ci aiuta nelle nostre scelte. Credo che agiscano così profondamente sulle nostre emozioni che è più difficile violare un valore che violare una norma!

Le norme (in teoria) sono più rigide, più severe, più imperative. Sono come dele regole, prevedono sanzioni, che possono essere positive (premi) o negative (punizioni). Possono essere scritte o essere sorte spontaneamente.

Spesso è difficile distinguere una norma da qualcosa che è semplicemente un’abitudine. Uno dei modi per effettuare questa differenziazione è provare a cambiare questa abitudine. Se questo ci provoca vergogna, imbarazzo, disagio, molto probabilmente abbiamo infranto una norma!Diciamo che cambiare un’abitudine non ha conseguenze di rilievo!

Immaginiamo che per andare a lavorare prendo sempre la stessa strada. In altre parole, questo è il mio “solito percorso”.Un giorno, però, decido di intraprendere un’altra strada. Arriverò lo stesso, no? La massima conseguenza possibile potrebbe essere che per arrivarci mi ci vorrà più o meno tempo.

Una cosa molto interessante è che alcune norme dipendono dal contesto in cui sono inserite. Ad esempio, lavarsi le mani: le conseguenze della violazione di questa “abitudine” da parte di un chirurgo sono molto più gravi!

Le norme possono essere scritte, stabilite, dette “costitutive”, come ad esempio, qui in Italia, la norma che regolarizza il matrimonio, oppure “consuete”, cioè nascono spontaneamente. Un esempio? Bene, immagina di entrare in una chiesa e iniziare a parlare ad alta voce. Non c’è scritto che dobbiamo parlare sottovoce! Oppure pensiamo all’esempio del teatro, di cui ho parlato all’inizio del testo! (Mangiare durante un concerto di musica classica) “Violare” una regola ha delle conseguenze. Come minimo ti guarderanno male, lasciandoti in imbarazzo!

E che dire delle credenze? Ci guidano anche!

Mentre i valori e le norme ci dicono come “dovrebbero essere” le cose, le credenze ci mostrano come le cose stanno!

Quando parliamo di credenza, non ci riferiamo solo ad opinioni e convinzioni. Credenza: credere. Nel contesto affrontato in questo testo, possiamo parlare di due tipi di credenze. Credenze fattuali, cioè credenze vere: come suggerisce il nome, sono quelle che possono essere dimostrate dai fatti. Un esempio molto banale: guardo il cielo nuvoloso, pieno di nuvole “pesanti”, come diciamo in Brasile, e dico: “Credo che pioverà!”

L’altro tipo di credenza è chiamata rappresentazionale. Credo che il nome derivi dal fatto che “rappresenta” un gruppo, una cultura più specifica, insomma, che non sia “universale” come la precedente. (Del resto, detto tra noi, ovunque sul pianeta, per qualsiasi comunità, qualsiasi tipo di popolazione, le nuvole “pesanti” indicano che pioverà).

Forse in questo caso la convinzione “rappresentativa” si presenterebbe nel momento in cui comincio a credere, ad esempio, che colui che manda la pioggia è Tupã.

Per quanto riguarda la credenza rappresentazionale, approfitto di questo spazio per discuterne.

Nel corso che sto seguendo, uno degli esempi portati in riferimento a quelle credenze “apparentemente irrazionali”, è stato quello di quelle persone che affermano di ritrovare i propri parenti defunti (personalmente preferisco il termine “disincarnati”) durante il sonno.

Uno degli esempi di credenza rappresentazionale è stato quello dei bambini che credono in Babbo Natale, anche se non hanno mai visto il buon vecchietto scendere dal camino o parcheggiare la slitta con le rene nel cortile sul retro. Ebbene, parlare di Babbo Natale e poi di “appuntamenti serali”, praticamente come esempi della stessa teoria, non poteva non “scattare” qualcosa dentro me, in un modo o nell’altro.

È vero che gli studi più attuali parlano dell’importanza delle credenze nel tenere unito un gruppo, oltre a scoprire che spesso i loro insegnamenti, le loro convinzioni, sono di natura metaforica. (Non è così anche nel cattolicesimo? Gesù non “parlava” in parabole?) Questo esempio però mi ha “toccato” perché mi ha dato la stessa sensazione, ad esempio, di chi giudica le altre culture senza nemmeno conoscerle!

Come potete ben immaginare (tanto per cambiare), entro qui nella questione dello Spiritismo. Oltre alla celebre frase “Per chi crede, non è necessaria alcuna spiegazione; per chi non crede, nessuna spiegazione è possibile”, Lo Spiritismo Kardecista (a cui mi riferisco) è formato da 3 pilastri: Scienza, Filosofia e Religione! E gli “incontri” avvenuti durante il sonno hanno trovato conferma in diversi studi e ricerche scientifiche.

Lo stesso Allan Kardec, che fu il Codificatore (Attenzione: codificatore, non fondatore) dello Spiritismo, non era uno che semplicemente “accettava” l’esistenza degli spiriti, ascoltando le storie che raccontavano, che passavano “di bocca in bocca”, come ad esempio, i commenti sul fenomeno delle tavole rotanti. È andato a verificarlo di persona! Ha ricercato, partecipato, interrogato, confrontato. Verificò l’autenticità dei fenomeni e solo successivamente li accettò. A proposito, tali fenomeni si sono verificati contemporaneamente in diverse parti del globo, senza che l’uno fosse consapevole dell’altro!

Un’ultima curiosità su Allan Kardec, prima di tornare al tema centrale di questo testo: Hippolyte Léon Denizard Rivail (questo era il suo nome di battesimo) è stato un grande studioso, filosofo e pedagogo… pestalozziano!! Ma torniamo alla cultura!

Come ultima componente della cultura, cioè oltre ai valori, alle norme e alle credenze, abbiamo i simboli.

Prima di parlarne, però, è bene ricordare che la cultura è formata anche da oggetti “concreti”, rappresentati ad esempio nella moda, nei piatti tipici e nei materiali. Per non parlare delle danze, della lingua…

Un simbolo è diverso da un segno. Un segno ci fornisce un’informazione che ci porta ad un’interpretazione univoca. Sono convenzioni semplici, quasi universali. (Forse posso anche togliere il “quasi”). I segnali stradali, ad esempio, o le icone sullo schermo del computer. Sono immagini che riassumono, che sintetizzano informazioni! (So che cliccando sulla busta che appare sul mio desktop, aprirò la mia “casella della posta”).

In italiano esiste anche una differenziazione tra “marca e marchio”, dove l’uno è l’azienda, il logo stesso, il “design”, mentre l’altro può essere associato al “segnare un territorio”, segnalare il percorso spezzando la punta di un ramo, ad esempio, o “marchiare il bestiame”. Ciò che ci interessa, però, è che qui i segni sono soggettivi e servono a distinguere un prodotto, un “marchio”…

I simboli, invece, hanno un valore culturale e sociale molto più forte! Il loro carattere è intersoggettivo e sono condivisi dal gruppo sociale. Fanno parte di una dimensione implicita della cultura, cioè li capisco senza dovermeli spiegare. (Pensate all’immagine della bilancia come simbolo di giustizia!) – Il giglio come simbolo dello scoutismo! Potrebbe non essere riconosciuto da tutta la popolazione, ma qualsiasi membro o ex membro del Movimento Scout, in qualsiasi parte del mondo, è in grado di identificarlo.

I sistemi simbolici svolgono un’importante funzione sociale e comunicativa. Attraverso di loro identifichiamo, riflettiamo, interpretiamo.

Simboli e sistemi simbolici possono variare da una cultura all’altra (o da un gruppo all’altro, come nell’esempio che ho fornito sopra). Altro esempio: in Cina e in India la sposa si veste di rosso! Ancora uno: credo che vestirsi prevalentemente di bianco a Capodanno sia un’usanza che esiste solo in Brasile! Il bianco come simbolo di pace!

I colori possono diventare simboli se li associamo ad un significato specifico, condiviso nella cultura a cui apparteniamo. “Mutandine gialle per attirare denaro! Rosa per trovare un fidanzato!Rosso? Ah, significa passione!”E così via.

Dopo aver parlato dei modelli culturali, delle caratteristiche della cultura (operativa, dinamica, selettiva, olistica, differenziata, “senza confini”, ancor più in tempi di globalizzazione), delle sue componenti (valori, norme, credenze, simboli), è il momento di parlare sull’integrazione.

Alcune culture sono più integrate di altre. Tuttavia, vale sempre la pena ricordare che “non tanto al cielo, non tanto al mare”, cioè sia essere “troppo uniti” sia non avere praticamente alcuna unione può essere dannoso. Gli estremi raramente sono positivi!

Sia la mancanza di integrazione, come quella osservata nella società moderna, dove “ognuno per sé”, sia l’eccessiva integrazione, osservata ad esempio nei regimi totalitari o socialisti, o nei regimi di casta, rappresentano un rischio. L’ideale è cercare sempre un equilibrio! Essere premurosi, moderati!

Parliamo di suicidio?

In una società poco integrata, come quelle capitaliste, dove è “ognuno per sé”, sentirsi inadeguati, esclusi, soli, può generare disagio, depressione e finire per portare al suicidio che, in questo caso, viene “interpretato” dagli altri come “suicidio egoistico”. (Una “fuga” dai problemi).

All’estremo opposto, dove tutto è definito dalla morale sociale, nel suo insieme, c’è la paura di “non essere all’altezza, di non soddisfare le aspettative della società.

Pensiamo a un giovane cinese che viene bocciato a scuola, o a un padre di famiglia che perde il lavoro. In una società poco integrata esso (il giovane) ripeterebbe l’anno o cambierebbe scuola. L’altro andrebbe a cercare un nuovo lavoro. In una società dove l’integrazione è eccessiva, però, tali eventi possono significare vergogna e disonore per la famiglia. Il suicidio, in questo caso, è visto come un atto di altruismo!

Sempre parlando di culture, è bene ricordare che affinché si mantengano e si trasmettano, cioè passino attraverso le generazioni, ciò che molto ha contribuito è stata la nascita della scrittura e del Diritto. Il primo, perché ha permesso di scrivere “documenti”, invece di trasmetterli solo “a voce”. La seconda, perché stabilì norme, leggi scritte che contribuirono anche alla sua propagazione e al suo mantenimento.

Un altro aspetto molto interessante della cultura è che, come una bussola, guida e organizza le nostre azioni! I nostri istinti non sono sviluppati come quelli degli animali, quindi è fondamentale anche per la nostra sopravvivenza. Un uccello costruisce d’istinto il suo nido, un ragno la sua tela, le api producono il miele… il tutto senza bisogno, ad esempio, di modelli di riferimento o di “manuali di istruzione”. Diciamo che, dove gli animali mettono l’istinto, noi poniamo la cultura.

È essenziale ricordare che nessuna cultura è migliore di un’altra. Non esistono culture “superiori”!Tutto è relativo! Dipende tutto dal punto di vista!

Posso immaginare, ad esempio, chi critica la cultura (e la saggezza) indigena, sostenendo che “guarire con le piante” è una cosa da gente arretrata e ignorante, senza fermarsi a pensare che il principio attivo dei rimedi allopatici che loro stessi utilizzano si trova proprio in queste piante! A proposito, esiste un termine per coloro che considerano la propria cultura superiore alle altre: etnocentrismo.

Altri temi studiati nel corso di Sociologia dei processi culturali e comunicativi che riguardano la cultura sono stati la sua influenza sullo sviluppo economico, il rapporto tra etica protestante e capitalismo moderno, tra cultura e consumo e tra cultura e sviluppo politico.

Per quanto riguarda l’influenza della cultura sullo sviluppo economico, abbiamo studiato due teorie. La prima, sviluppata da Parsons, si chiama Modello del attore Socializzatoe afferma che il nostro comportamento è guidato da valori (idee, credenze, norme) che abbiamo interiorizzato fin dall’infanzia, addirittura fin dalla nostra nascita. La seconda, sviluppata da Francesca Cangian, non vede un legame diretto tra cultura e comportamento. Il suo approccio, noto come “Modello di identità sociale”, teorizza che i nostri valori attraversano un processo di identità sociale (diverso dal processo di interiorizzazione), per poi diventare comportamenti.

L’identità sociale, come suggerisce il nome, sono quei criteri che consentono a un individuo o un gruppo di essere definito, situato e socialmente identificato. È un’identità attribuita, conosciuta e accettata dal soggetto! È la somma dei rapporti di inclusione o di esclusione rispetto a tutti i gruppi che compongono una società. Per esempio:

Sono Scout, perché ho già fatto parte di un Gruppo Scout e mi “identifico” con le sue norme, valori e il suo tipo di comportamento; sono Psicologa, perché sono laureata in psicologia, sono baby sitter, perché lavoro con i bambini. Ma sono anche italo-brasiliana rispetto agli asiatici, adulta rispetto ai bambini, ma allo stesso tempo giovane rispetto agli anziani.

Il capitalismo moderno ha portato con sé una nuova configurazione di valori, con la massima: “Il tempo è denaro”. Questo spirito del capitalismo ha fatto sì che le persone volessero avere sempre di più, sempre di più. L’importante non era più realizzare un profitto con l’obiettivo, ad esempio, di comprare qualcosa, ma realizzare un profitto con l’obiettivo di ridistribuire il denaro per ottenere più profitto e così via, in un ciclo infinito. Il suo legame con l’etica del protestantesimo può essere osservato non solo prendendo coscienza che molti dei grandi leader americani erano di religione protestante (pensiamo a Benjamin Franklin), ma combinando i principi di entrambi (protestantesimo e capitalismo), come la visione del profitto come fine a se stesso e l’adempimento del dovere professionale visto come vocazione. (Senza contare che per i protestanti l’unico che ha il potere di cambiare il destino è Dio).

Visto che parliamo di capitalismo, perché non cogliamo l’occasione per parlare di consumismo?

Nel passato (periodo neoclassico), le preferenze e le scelte di consumo venivano effettuate in modo semplice e razionale, confrontando il prezzo del prodotto con il reddito. Se il prezzo di un prodotto aumentava in modo sproporzionato, semplicemente lo sostituivo con un altro. Nella cultura moderna, però, le cose hanno acquisito un valore simbolico, soggettivo!

La cultura ha iniziato ad esercitare un’influenza crescente sulle nostre abitudini di consumo! Detto tra noi: stiamo o non stiamo diventando ogni giorno più consumisti? La cultura ci detta moda, tendenze e comportamenti. Le persone delle classi sociali inferiori vogliono essere alla pari con quelle delle classi superiori, illudendosi che in questo modo saranno viste meglio, meglio accettate nella società. (Questa ha un nome, si chiama “Teoria delle classi agiate”). Quindi, consuma. (Non importa se devo pagare quella borsetta in 50 rate, l’importante è comprarla). La classe privilegiata, però, non vuole essere “imitata”, quindi crea nuove mode, nuove tendenze, in un ciclo infinito.

L’industria del consumo provoca negli esseri umani due reazioni opposte: l’identificazione, dove voglio assomigliare il più possibile al gruppo con cui mi identifico, o al quale vorrei appartenere, o a qualcuno che ammiro, o un processo di differenziazione, dove cerco, attraverso l’abbigliamento, un accessorio, un oggetto di differenziarmi da una certa popolazione.

La tragedia della cultura moderna, di cui sopra, credo abbia molto a che fare con tutto ciò! Questo desiderio sfrenato, questo “bisogno” di avere l’ultimo modello di cellulare, per esempio… ma non possiamo nemmeno non considerare il fatto che, detto tra noi, la durabilità stessa di certi oggetti finisce per portarci a scambiarli con molta più frequenza di quello che abbiamo fatto in passato. (Se penso al mio vecchio primo telefonino, ad esempio…)

Chi mi conosce sa che non mi è mai piaciuta la politica. Voglio dire, nel senso che non mi piace discuterne. (Forse perché, in generale, semplicemente non mi piacciono le discussioni). Tuttavia, mi sono appena accorta che, in un certo senso, ne sono già stato coinvola in diverse occasioni, del resto, essendo rappresentante di classe a scuola e poi all’università, partecipando alle squadre che competono alle elezioni della “Unione Studentesca”, essendo il monitore di una pattuglia scout… tutto questo, in un certo senso, ha a che fare con la cultura politica!

La cultura politica ha aspetti cognitivi (ideologie), emotivi (sentimenti, passioni) e valutativi (giudizi). Esistono tre tipi di cultura politica:

  • Parrocchiale: ricorda “parrocchia”, vero? E ha senso! Dopotutto si tratta di una politica attenta agli interessi locali, i cui rapporti di fiducia sono limitati. Un clan, una famiglia…
  • Sottomessa: una cultura passiva, inerte.
  • Partecipativa: una cultura attiva, responsabile, dove ognuno è consapevole del proprio ruolo, si interessa alla vita pubblica, insomma partecipa!

È dimostrato che questo tipo di cultura politica fa sentire i cittadini parte di un TUTTO, sviluppando una “cultura civica” (Civicness), che aumenta il grado di fiducia e produce crescita.

Prima di chiudere questo testo, vorrei ricordare quanto la cultura sia direttamente legata alla comunicazione. Se non viene trasmessa, cioè comunicata, col tempo tende a scomparire!

Per quanto riguarda i fattori che causano i cambiamenti culturali: poiché la cultura è un sistema molto complesso e differenziato, tali cambiamenti sono il risultato di un processo lungo e complicato, in cui alcune trasformazioni avvengono più rapidamente di altre. Le spiegazioni di cui abbiamo parlato (e che cercherò di riassumere qui) sono state 9:

  1. La legge dei tre stati (Comte): postula che il pensiero umano si sia evoluto attraverso 3 stati: quello teologico (Epoca Medievale), dove ciò che non possono spiegare, lo attribuiscono al soprannaturale; quello metafisica (Rinascimento, Illuminismo), con lo sviluppo dello spirito critico e quello positivo, che nasce con la Rivoluzione Industriale, con la razionalità scientifica, l’osservazione dei fatti, l’esperienza concreta.
  2. Lo sviluppo del razionalismo occidentale (Weber): disincanto religioso e modernizzazione, che separava religione, scienza, economia e politica
  3. Lo sviluppo dell’individualismo (Durkheim): effetto dell’intensificazione della divisione del lavoro, della specializzazione dei compiti. Egocentrismo, egoismo. Ambienti sociali diversi, relazioni molteplici. Progredisce la personalità individuale e il valore attribuito alla dignità e all’autonomia del soggetto.
  4. Il processo di civilizzazione (Elias): la manipolazione del potere (Centrato), le corti sociali (Rinascimento, Assolutismo), costituendosi come spazi pacifici, favoriscono la nascita di una nuova società, affermando le “buone maniere”. (Gente “civile”, non “barbari!”)
  5. Il modello del ciclo privato-pubblico (Hirschman): spiega le oscillazioni cicliche dei comportamenti collettivi dal privato al pubblico: il cambiamento degli orientamenti è dovuto agli effetti degli orientamenti stessi, che generano sentimenti di delusione nel tempo, portando i soggetti a dare nuove priorità. Complicato, vero? Ebbene, quello che intendeva dire è che, attraverso il processo di Socializzazione Secondaria, cioè quella che avviene nella vita adulta/adolescenziale – identificazione con i coetanei, ecc., “cambiamo idea”!
  6. La legge dell’imitazione (Tardo): le dinamiche che determinano le leggi dell’imitazione e la diffusione di un’innovazione sono intersoggettive: attraverso l’imitazione ci si “contagia”, le credenze individuali si diffondono nel corpo sociale e finiscono per diventare collettive!L’imitazione segue due leggi:
    1. dall’interno (i fini) all’esterno (i mezzi): tendenza a fidarsi di chi domina intellettualmente;
    2. da superiore a inferiore: tendenza a imitare comportamenti e mode di gruppi considerati superiori.
  7. L’epidemiologia delle credenze (Sperber): la diffusione e la trasformazione delle rappresentazioni culturali avviene per contagio, cioè sono soggette alle stesse leggi naturali che riguardano la diffusione di un virus. Sperber cerca di spiegare perché alcune credenze diventano più contagiose di altre. Un esempio è il modo in cui le FakeNews si diffondono velocemente!
  8. La teoria del carisma: il carisma è qualcosa che stimola il cambiamento. Trova la sua personificazione nei profeti, nei demagoghi, presentandosi come una sorta di forza distruttiva e rivoluzionaria, che sovverte i valori su cui si fondavano le vecchie abitudini. (Gesù!) – Ah, è importante ricordare che un leader è diverso da un leader carismatico. Inoltre, è opportuno notare che nel tempo il carisma tende a diminuire, a istituzionalizzarsi e, diciamo così, a finire per “diventare routine”. Pertanto, il processo di creazione di una nuova idea finisce per evolversi, sistematizzarsi e adattarsi.
  9. Sviluppo economico e valori post-materialisti (Inglehart): Inglehart ha spiegato la diffusione dei valori post-materialisti, basati sull’autorealizzazione, sulla partecipazione decisionale e sulla qualità della vita, anche con l’intervento di fattori esogeni, cioè “ provenienti da fuori”, come il crescente benessere economico in cui ogni nuova generazione è cresciuta e ha socializzato. I fattori economici agirebbero così sulla gerarchia individuale dei bisogni: solo quando saranno soddisfatti i bisogni primari di sopravvivenza e di sicurezza potranno emergere bisogni secondari legati alla cultura, al riconoscimento e all’autorealizzazione. (Confesso che ho i miei dubbi su questa teoria, o meglio… dobbiamo riflettere sul fatto che le cose ormai sono cambiate. Nel senso che i giovani d’oggi non hanno vissuto dei momenti di “privazione” come i nostri avi, sopravvissuti alla guerra)

E’ stato lungo, vero? Spero, però, che non sia stato troppo faticoso. Immagino che voi, come me, non avevate idea che la cultura potesse essere un argomento così ampio, complesso e completo. Non sono nemmeno riuscita a parlare dei processi di socializzazione primaria e secondaria! Abbiamo ancora un po’ di tempo? È veloce! Entrambi sono processi che ci aiutano ad apprendere e ad appropriarci di regole e significati e, allo stesso tempo, ad adattarci alle nuove relazioni e alla vita nella società! Il primo è quello che avviene all’interno della famiglia stessa (la base!), del tipo: “Non mettere il dito nella presa, è pericoloso!” Il secondo consiste nell’imparare nuovi ruoli, nuove competenze e avviene dal momento in cui esco dall’ambiente familiare e continuo ad esplorare nuovi ambienti: la scuola, il lavoro, gli amici, i diversi gruppi a cui posso unirmi, insomma.

Adesso sono pronta a chiudere, ricordando però che, almeno per me, le cose non si fermano qui. C’è tutta un’altra parte della disciplina della Sociologia dei Processi Culturali e Comunicativi, quella che si riferisce alla Comunicazione, di cui, chissà, tratterò più avanti.

Per ora vi saluto, sperando che questo lungo testo, seppur prevalentemente teorico, possa aver offerto anche momenti di piacevole apprendimento e riflessione.

Marian

Novos rumos

21 jan

Em 2023, iniciei um novo percurso de estudos, incentivada, olhem só, pela mãe de uma das crianças que cuidei nesta que, aqui na Itália, acabou, com o tempo, virando a minha profissão.

Na verdade eu estava afastada dos bancos Universitários desde 2010, quando, já em Milão, concluía um Master em Cuidados Paliativos. Pois é. Formada em Psicologia, especialista em Psico-oncologia e em Medicina Psicossomática, “acostumara” a trabalhar com o sofrimento, a doença, a morte. Quis o destino, no entanto, que minha vida tomasse novos rumos, que eu empreendesse novas estradas. E aqui estou eu.

Inscrita em uma Universidade Telemática, cursando Ciências da Educação, que nada mais é do que a “velha” Pedagogia, revisitada, ampliada.

Estudar parece ser algo tão presente na minha vida que, se paro para pensar, me dou conta de que é como se entre 2010 e 2023 eu tivesse vivido um período de “latência”, afinal, eu passara praticamente a vida toda “estudando”, desde os meus 2 anos de idade! Confesso, no entanto, que percebo em mim a passagem do tempo e que talvez a minha capacidade de memorização não seja a mesma de 13, 14, 15 ou até 20 anos atrás. Se formar aos 24 anos é decididamente diferente de “voltar a estudar” aos 46. Como no entanto acredito que nada na nossa vida acontece por acaso e que tudo tem um propósito maior, cá estou eu!

Como se não bastasse ter que conciliar estudo e trabalho (e também momentos de descanso e lazer, afinal, não podemos esquecer o quanto é importante cuidarmos da nossa saúde física e mental), ainda tenho um outro “desafio” a enfrentar neste percurso: o fato de cursar uma faculdade em uma língua que não é a minha língua natal e enfrentando também diferenças ligadas ao Sistema Escolar, aos critérios de avaliação ,etc. Mas vamos lá, afinal, como diz o ditado, “Entrou na água é pra se molhar”!

Preciso confessar que sempre sofri uma espécie de “ânsia de prestação”. Embora com o passar do tempo eu tenha aprendido que quem se dá melhor na vida, quem constrói um futuro melhor, nem sempre é quem na escola havia as melhores notas, basta eu olhar para a quantidade de coisas que preciso estudar para um determinado exame que os batimentos cardíacos aceleram e de dentro de mim parte uma espécie de angústia, de “vontade de chorar”. Medo de, diante de tanto conteúdo, misturar as coisas, me confundir, não conseguir me expressar.

Aqui na faculdade os exames são orais. Bom, sou alguém que se expressa muiito melhor escrevendo do que falando. (Tanto que tenho um “blog” e não um canal do TikTok ou um programa no YouTube). Fica fácil então imaginar o quanto para mim precisar se submeter a este tipo de avaliação não é nada simples. Bom, mas deixa eu contar como foi o início desta trajetória e como tem sido o meu percurso até agora.

Iniciei a minha formação estudando a História da Pedagogia e das Instituições Educativas. O que talvez professores, colegas do curso ou até mesmo as pessoas em geral talvez não tenham se dado conta é que, não tendo estudado na escola a história italiana ou até mesmo aquela européia (Salvo ocorr ências importantes a nível mundial, como a Revolução Industrial, as Grandes Guerras e os Regimes Totalitários por exemplo), coisas que talvez para eles fossem simples e lógicas, para mim requeriam um tempo de estudo maior. Mas deu tudo certo!

Me apaixonei por alguns modelos pedagógicos mais do que por outros e procurei ver o que cada um deles pode trazer de bom. Entendi melhor o pensamento da Maria Montessori, mas também fiquei apaixonada pelo trabalho e experiência de Fröeber, pelos projetos recheados de bondade e amor de Pestalozzi e Don Bosco e, de certa forma, pela visão avançada de Rousseau em muitos aspectos (embora não possa concordar com a sua visão em geral, à qual, no entanto, tem a ver com a época na qual vivera). Ah, e tudo isso pra não falar do “museu” das irmãs Agazzi! Enfim. Professora e tutora da disciplina estiveram tão presentes durante o meu percurso e faziam tudo de forma tão “apaixonante” que, embora o nervosismo pra lá de visível na hora da Avaliação, deu tudo certo, afinal. (Obviamente depois que acabou, me vieram em mente muito mais coisas que eu poderia ter falado. Junto com elas, também, uma reação não tão fácil de explicar: me debulhei em lágrimas!). Vai entender. Pois bem.

Me permiti alguns dias de descanso e, em seguida, passei a me dedicar ao estudo da Sociologia dos Processos Culturais e Comunicativos.

Que nome complicado! Mas na prática, o que isto quer dizer? Bom, a Sociologia basicamente estuda o homem e sua relação com a Sociedade, não é mesmo? Ou seja, o homem está inserido em um contexto social e cultural, que é o que permite que ele, em palavras pobres, se torne quem ele é, seja capaz de se relacionar e conviver com os outros, adquira valores, etc. E a cultura, que na verdade é um processo, pois está em constante mudança, reflexão e evolução, só pode ser preservada/vivida se transmitida. E para que isto seja possível, é necessário que tenha comunicação. Então. O homem, num contexto social, vivendo e se adaptando às mudanças culturais, sociais e tecnológicas, que refletem no seu modo de viver, trabalhar, agir e até de pensar. O progresso, as diferenças, as coisas que os unem ou que os segregam. Uma matéria densa, complexa, com muitas teorias e pontos de reflexão.

Dos oito módulos da disciplina, 4 são diretamente relacionados à cultura. Quanto aos outros 4, embora se refiram mais à tecnologia e comunicação, de certa forma, também estão ligados à fatores e mudanças a nível cultural.

Eu estava pensando em como tantas vezes acabamos “incorporando” (ou introjetando) conceitos. Sabemos (ou pensamos de saber) o que significam, o aplicamos na nossa linguagem do dia-a-dia, mas não paramos para pensar exatamente ao que se referem. Sabe aquela coisa… “Sei o que é, mas não sei explicar?” Pois é. Pensemos por exemplo no conceito de cultura.

Perdi as contas de quantas vezes ouvi (ou usei) a frase: “Ah, isto é cultural!”

Em alguns momentos, tal expressão parece servir simplesmente explicar uma diferença, enquanto que, em outras ocasiões, é quase como se virasse uma desculpa, uma justificativa, ou simplesmente uma afirmação dada quando na verdade não sabes bem o que falar.

No dicionário, encontramos especialmente dois “grandes” significados para a palavra cultura. O primeiro nos remonta lá no século XVIII, período do Iluminismo, século das luzes e é diretamente ligado à classe burguesa e aos nobres, pois é associado, por exemplo, ao conhecimento obtido através dos livros, dos estudos, da formação Universitária. Neste sentido, o conceito de cultura é individual e geralmente vem acompanhado de um outro substantivo, ou seja, é um tipo de cultura bem específica.

Embora tendamos a associar esta definição de cultura a quem tem uma formação acadêmica, eu ousaria dizer que o querido Bibi, já muito conhecido daqueles que lêem os meus textos, embora não tenha podido cursar uma faculdade, era extremamente culto. Pessoa culta! Eis, em poucas palavras, a primeira deifinição de cultura!

Pois então. O tio Ruben, embora não tenha frequantado uma Universidade, podia sim ser considerado uma pessoa culta, por ser um grande leitor, um estudioso, um curioso do mundo e um apaixonado de música, especialmente clássica e contemporânea. Ele que, quando se aposentou, passou a se dedicar à sua grande paixão: a música.

Não tendo tido a oportunidade de aprender a tocar um instrumento musical quando jovem e (ahimé) acreditando que, aos 50 anos, era tarde para “aprender” alguma coisa, passou então a colecionar LPS e K7s .(E, mais tarde, cds). Mas ele não passava seus dias simplesmente comprando discos e escutando música. Ele ia além. Cada disco que ele comprava, ele catalogava, classificava, pesquisava: a história da música, a biografia dos compositores, as diferentes versões e gravações de uma mesma obra. Assim, criou grandes catálogos numerados, informações rigorosamente batidas à máquina. (Mesmo depois, com o advento dos computadores, ele optou por seguir com a sua velha máquina de escrever. Com algumas letras faltando, teclas que já não funcionavam tão bem, mas ele dava um jeito.

Chegou um momento em que a sua cultura musical era tão grande que músicos e até maestros de prestigiosas orquestras iam lá em casa, não apenas para conversar, para verem sua coleção, mas inclusive para pedirem a sua opinião: sobre obras, compositores, sobre possíveis programas, etc.

Hoje, ele infelizmente não está mais entre nós, mas sua cultura musical se faz notar nos seus arquivos, nos milhares de cds catalogados e em algumas velhas reportagens de jornal. Uma pessoa de grande cultura, especialmente cultura musical.

Neste sentido, como visto anteriormente, a palavra cultura tem a ver com conhecimento, ou seja, tem uma conotação mais intelectual.

A segunda definição de cultura diz respeito ao que muitas vezes chamamos de “cultura popular”. São aqueles costumes, crenças, hábitos, objetos, alimentos (pratos típicos?), enfim, tudo aquilo que, de certa forma, “acomuna” um grupo, uma determinada população, ao mesmo tempo em que a diferencia de outras.

Ao contrário da primeira definição, de conotação mais individualizada e intelectualizada, este segundo significado do termo cultura possui um caráter mais abrangente, mais Universal. Mesmo assim, não existe uma cultura única (Nem jamais existirá). Muito pelo contrário, são justamente as diferenças que fazem, a meu ver, as culturas serem um tema de estudo tão interessante!

Quando falamos em culturas diferentes, tendemos a pensar em lugares distantes entre si: uma tribo na África, um grupo indígena na Amazônia, os habitantes de uma cidade européia. Esquecemos que, na verdade, diferenças culturais podem ser claramente percebidas bem mais próximas a nós.

Pensemos na Itália e nas diferenças entre as suas diversas regiões, em termos de hábitos, costumes, comportamentos, linguagem (com seus diversos dialetos e formas de expressão), pratos típicos…Pizza baixa ou alta? Inteira ou em pedaços? Na frigideira ou no forno à lenha? Carbonara com “pancetta o guanciale”?.

Sobre as diferenças culturais existentes na Itália, vale a pena fazer um passeio pelos stands italianos durante o “Artigiano in Fiera”, feira de artesanato que acontece no início de dezembro todos os anos em Milão. (E aqui não estou sequer considerando as diferenças relacionadas ao grande número de estrangeiros presentes no País!)

Bom… se na península italiana que, se pararmos para pensar, nem é “tão” grande assim, o que dizer do Brasil? O Brasil é como o mundo inteiro junto, mas em tamanho menor!

Uma curiosidade: vocês sabiam que dentro do Brasil cabem 28 Itálias?

A cultura brasileira é feita de inúmeras subculturas. Não, talvez “subcultura” não seja o termo mais adequado, já que o mesmo dá a ideia de algo “inferior”. Na verdade, o Brasil, com seu vasto território e sua população composta de pessoas das mais diversas origens, é um mix de culturas! Um País multi-cultural ou inter-cultural? Será que dá para ser ambos ao mesmo tempo?

Um País multi-cultural acredito que seja um lugar com habitantes provenientes de diversos locais, herdeiros de diferentes culturas, onde cada um vive do seu jeito, preservando seus hábitos, seus costumes, suas tradições, mas não existe uma “troca” por assim dizer. Eu te respeito, tu me respeitas, mas “cada um na sua”.

Já um País intercultural, imagino seja um lugar onde as diferentes culturas interajem entre si e juntas acabem por criar, inclusive, novos hábitos, novos costumes, novas culturas.

Sabe aquele conceito utilizado tanto em algumas áreas da Psicologia quanto da Física Quântica, que diz que o TODO é diferente da SOMA das partes? Então. É mais ou menos assim que eu imagino quando penso a um lugar Intercultural. E a primeira coisa que me vem em mente, quando paro para pensar em um exemplo desta “interculturalidade”, é a Lavagem do Bonfim. A união de suas culturas, através das suas crenças, formando um espetáculo de beleza, fé, religiosidade e amor.

Aliás, agora me veio em mente (embora a minha ideia inicial fosse discorrer sobre este tema mais adiante) algo relacionado à dinamicidade da cultura, ou seja, ao quanto ela é dinâmica e vaise transformando, se adaptando. Muitas vezes, este parece ser o único modo que uma determinada cultura encontra para poder ser transmitida ou até mesmo preservada.

Deixa eu explicar por que a lembrança da “Lavagem do Bonfim” me fez pensar no fato que uma cultura seja dinâmica e, de consequência, se modifique, afim de se adaptar e até mesmo se preservar: Acontece que esta “festa”, este “rito”, é feito especialmente pelos descendentes de escravos, seguidores, justamente, de uma religião de matriz africana.

Pois é. Os portugueses, que foram os primeiros a “colonizar” o Brasil (e aqui eu poderia entrar na questão de que eles eram “etnocêntricos”, já que acreditavam que a cultura deles era superior à sabedoria indígena e, segundo eles, o saber viver em comunhão com a natureza, tirando dela apenas o necessário e fazendo dela sua casa, sua escola, sua farmácia e atè seu hospital, era coisa de “primitivos”), tinham escravizado os africanos, que acabaram também desembarcando no Brasil, em grandes navios conhecidos como “Navios Negreiros”.

Eu poderia falar inúmeras coisas relacionadas à escravidão no Brasil e às tristes consequências da mesma, mas acabaria fugindo do tema principal deste escrito. Voltemos então ao tema: os portugueses proibiram os negros de cultuar os seus Deuses. Eles, porém, o que fizeram, para, de certa forma, poderem preservar a sua cultura e seguir proferindo a sua fé? Se adaptaram! Como não podiam cultuar imagens dos seus Deuses, passaram a cultuar as imagens da Igreja Católica! Assim, Ogum virou São Jorge, Oxum Santa Bárbara, Iemanjá Nossa Senhora e assim por diante. Mas a coisa não parou por aí! Da união do Catolicismo com as religiões de matriz africana e ritos do povo indígena, acabaram se formando novas religiões!

O exemplo acima, aliás, além de fazer refletir sobre a dinamicidade da cultura, também nos leva a perceber o quanto ela é operativa, pois coloca o ser humano na condição de agir em relação ao seu objetivo, se adaptando. A cultura, em outras palavras, é operativa porque nos guia, controla o nosso instinto, os nossos impulsos, permitindo assim que possamos viver/conviver em sociedade. Vou tentar simplificar: Imagina que estás em um teatro, assistindo a um concerto de música clássica, quando te dás conta que estás com fome. Bom, se dependesse do teu instinto, abririas a bolsa, pegarias o sanduíche ou o pacote de bolachas que tinhas deixado ali e simlesmente começarias a comer. Mas,na realidade, ao invés de agir assim, tu esperas que o concerto termine ou pelo menos que chegue a hora do intervalo. Quem te orientou ou, em outras palavras, quem estava “operando” para que tu agisse desta maneira? Exatamente! A cultura!

Uma outra coisa muito interessante é pensarmos o quanto algumas coisas ditas “culturais” perspassam gerações, ao passo que outras, com o tempo, ou se modificam, ou simplesmente deixam de existir. Isto porque a cultura é seletiva e, além disso, é inevitavelmente influenciada e influenciável.

Existem ainda, no coração da Floresta Amazônica, tribos que vivem completamente isoladas e que jamais tiveram contato com qualquer ser humano que não fizesse parte daquele grupo ou, em outras palavras, daquela “cultura”. No entanto, certamente o desmatamento da floresta (que tem sim a ver com a cultura, já que, na nossa história, desmatar a floresta para criar espaços para a criação de gado ou para a plantação de soja foi, por muito tempo, um modelo cultural socialmente aceito), fez com que eles também precisassem se adaptar a uma nova realidade, a um novo clima e, de consequência, a uma nova cultura, para inclusive garantirem a própria sobrevivência. É bem verdade que eu talvez não tenha como “provar” esta minha dedução, mas, acreditem: qualquer mudança no ambiente que nos circunda, em um modo ou outro, acaba fazendo sim com que também nós acabemos nos modificando, nos adaptando.

A propósito de modelo cultural, a cultura é justamente isso: um complexo de modelos, como se nos fornecesse um guia, um “manual de intruções”, que nos orienta sobre como nos comportarmos e até como pensarmos. Tais modelos, por nós introjetados, estão diretamente ligados ao contexto no qual vivemos. São aquelas “regras” com as quais fomos educados e que, no fim, acabamos por cumpri-las de modo automático, sem a necessidade de pensar racionalmente antes. (Regras, hábitos e comportamentos que, no entanto, podem não ter o mesmo valor em um outro contexto social e/ou cultural. Um exemplo simples? Para comermos, usamos talheres. Já os eritreus, comem com as mãos, fazendo-se ajudar com nacos de um pão chamado “Injera”.

Além dos modelos (tipo manuais) acima citados, ela (a cultura) também é formada por modelos de referência. Sabe aquela coisa… “Quando eu crescer quero ser que nem ele/ela?”- E aqui, as figuras de referência podem ser as mais diversas, passando pelos pais, professores, personagens famosos ou até modelos utópicos ou dificilmente tangíveis. São modelos que representam como são ou, mais do que isto, como deveriam ser as coisas para cada um de nós.

Também neste sentido a cultura sofreu mudanças com o passar do tempo. Por exemplo: o modelo ideal de mulher, antigamente, era o que uma figura submissa, primeiro ao pai e depois ao marido. Alguém que pudesse oferecer “casa limpa, comida na mesa e roupa lavada”. Além disso, precisava casar jovem e ter “uma penca de filhos”. Bom, não é preciso dizer que, pelo menos na cultura ocidental, as coisas mudaram, não é mesmo?

Tenho que confessar no entanto que às vezes as mudanças que têm ocorrido com os modelos culturais, tanto os modelos- guias como os modelos de referência, me preocupam um pouco. Talvez seja eu que pense de maneira um pouco antiquada, mas tenho percebido uma certa inversão de valores e o aumento de comportamentos violentos ou auto-lesivos.

A cultura, para ser preservada, precisa ser comunicada. Uma vez isto se fazia através da palavra falada. Das histórias contadas, em rodas de família, ao redor do fogo, nos almoços de domingo… (Obviamente aqui estou meio que romanceando)- Claro que, como diz o ditado, “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. Além disso, basta pensar na brincadeira do “telefone sem fio”- A “mudança” do ponto de partida ao ponto de chegada era, na maioria das vezes, inevitável. Depois, chegou a escrita e, com ela, uma possibilidade ainda maior da cultura ser dividida, ensinada, compartilhada! De certa forma, a escritura se tornou, para a cultura, um dos seus maiores aliados. pelo menos até a chegada da geração Web.2, ou seja, desta nova tecnologia, que nos oferece a oportunidade de comunicar, conhecer, modificar e até mesmo criar novos costumes, novos hábitos, novos comportamentos e até mesmo novas culturas. E tudo de modo muito mais acelerado.

Ah…pensem que, certa vez, voltando para casa da faculdade, no Trensurb (uma espécie de metrô, porém de superfície- embora talvez se pareça mais com um “Passante Ferroviário), peguei a minha agenda e comecei a escrever um texto sobre a aceleração do tempo. Isto em 1998! Época do 486, da internet discada, da conexão lenta… que para nós, no entanto, era uma mudança incrível! Mal podia eu imaginar que as coisas se modificariam de forma cada vez mais veloz.

A cultura, de modo geral, tem a ver com aquilo que as pessoas fazem, pensam e produzem. Como dito anteriormente, ela é diferenciada, dinâmica, operativa, seletiva, comunicativa e, olhem que interessante: holística!

Preciso confessar que quando a professora do curso iniciou a falar sobre a dimensão holística da cultura, logo pensei em, uma visão completa e complexa, uma visão, por assim dizer, “integral”.

Sou uma grande amante do termo “holístico”, ainda mais depois de ter me formado em Psico-oncologia e, alguns anos depois, em Medicina Psicossomática. No meu caso, o termo vinha aplicado em termos de “Cuidado Integral” do ser humano, visto, como citando anteriormente, como um ser completo e complesso, onde o cuidar deve ir além da cura médica, mas deve abranger todos os aspectos. Em outras palavras, a minha visão de ser humano é de um ser bio-psico-social-espiritual e, por que não, cultural. Uma visão que, a meu ver, nada tem de inovador, já que, há tempos Hipócrates afirmava que não ser possível cuidar do corpo sem cuidar da alma. Pois bem. Para mim, todos estes aspectos não apenas são importantes, como influenciam e são influenciados mutuamente, constantemente. Mas voltemos à cultura.

Quando, durante o curso, nos foi dito que a Cultura era holística, ou seja, complexa e integral, sendo formada por elementos que estão em uma relação de interdependência recíproca, a imaginei como algo, acima de tudo, harmônico. No entanto, foi dado a entender que, neste sentido, uma cultura poderia ser mais “fechada” do que outra e que, por exemplo, a cultura induista (com sua divisão em castas) seria mais holística do que a cultura ocidental.

Sim, talvez a cultura do Ocidente em relação àquela do Oriente seja menos holística, pois somos um povo, ou melhor, temos um tipo de cultura mais egoísta, mais individualista.

Em um primeiro momento, tive um pouco de dificuldade para compreender que, em se tratando de uma visão de uma população em geral (e não a nível individual), o conceito de holismo talvez devesse ser visto de uma outra forma, afinal, uma coisa é perceber, por exemplo, que o físico influencia o emocional e vice-versa e outra coisa é pensar no conceito de holismo empregado em modo mais amplo. Em outras palavras: acredito sim que algumas culturas são mais holísticas do que outras, mas para mim se torna difícil compreender por que as mesmas sejam muitas vezes vistas como mais fechadas ou isoladas. (“Popularmente” falando, pois, na verdade, este seria um “julgamento”, uma forma de prejuízo- pré- juízo).

Uma outra coisa bem legal sobre a cultura é que ela é criativa! Afinal, se assim não o fosse, acabaria por não se inovar!

Voltando à falar sobre diferenças culturais, me vem em mente uma coisa que achei muito estranha logo que cheguei aqui em Milão e que, confesso, quase 15 anos depois, ainda não me acostumei: pessoas pegando sol em parques…de biquíni ou calção! E o que dizer do fato que existem pessoas que até entram no chafariz? Esta, aliás, talvez seja uma daquelas ações que “teoricamente” é proibida, mas na prática passou a ser culturalmente aceita. (Tem um termo para isso, que agora não me vem em mente.

Peço desculpas por este texto ser tão longo, mas tenho tantas coisas para comentar! Muito interessante, por exemplo, foram os estudos feitos pelas escolas americana, francese e alemã relacionados à cultura, em termos de transmissão, simbolismo e perspectiva.

Um trabalho que achei super interessante (talvez porque, de certo modo, eu consiga me identificar com o mesmo, foi aquele por Willian Thomas, da Escola de Chicago. Ele analisou o modo como a cultura de origem dos imigrantes (no seu caso, polacos) incidia no modo como estes se inseriam na comunidade onde se estabeleciam. O modo como os mesmos interpretavam a realidade, a situação concreta/real em que se encontravam, em relação à cultura da qual provinham, era de fundamental importância. Em poucas palavras: a cultura de onde eu vim, ou seja, aquela que trago comigo… favorece ou dificulta o meu processo de adaptação no novo País?

O número de brasileiros residentes na Itália é enorme. Sendo o Brasil, como comentei anteriormente, um País “grande como um Continente” e com uma diversidade cultural imensa, com certeza é impossível encontrar um “padrão” no que diz respeito à adaptação a esta “nova vida, em um novo lugar”. Acredito, aliás, que a diferença dependa não apenas da cultura a que se pertence, mas também dos motivos que nos levam a migrar.

Eu particularmente não tive dificuldades ou maiores problemas de adaptação. Tudo bem que, sob um certo ponto de vista, sou uma pessoa “facilmente adaptável”, mas… o fato de ser descendente de italianos e vir de uma cidade de colonização italiana, pode ter influenciado esta questão? Certamente sim! E até o fato de eu vir da única parte do Brasil onde o clima não é tropical!

Preciso confessar, no entanto, que uma outra teoria delineada por Thomas, a chamada “Teoria do homem marginal”, por alguns instantes me fez refletir.

O homem marginal é aquele que experimenta uma incongruência entre o sistema cultural de onde vem e aquele da sociedade onde se estabelece, vivendo como uma dupla perda: de status (de reconhecimento do seu grupo) e perda do seu senso de identidade, ou seja, do reconhecimento do seu papel ao interno do grupo”.

O termo marginal, aqui, vem empregado no sentido de “margem”, ou seja, alguém que se sente “à margem”- isolado, como se não fizesse parte daquele todo, como se não pertencesse àquele local.

Talvez esta seja uma das razões pela qual muitas vezes, especialmente nas grandes cidades, acabem se formando pequenas comunidades, com pessoas pertencentes a um mesmo lugar de origem, por exemplo: a zona Paolo Sarpi aqui em Milão, ou os grupos de Filipinos ou Peruanos.

Quando me deparei com este conceito, pensei ser algo que não me pertencesse. Afinal, como comentei, não tive, ao me transferir aqui para a Itália, maiores problemas de adaptação. Foi quando a professora deu o exemplo de um africano que no seu País é formado e aqui lava vidros de carros na sinaleira, foi que eu me dei conta que, de certa forma, eu também vivi/vivo um processo assim: de Psicóloga formada, pós graduada, membro da Sociedade de Medicina Psicossomática e daquela de Psico-oncologia, dependente de uma prestigiosa clínica oncológica, voluntária num hospital e com um consultório particular a… baby-sitter!

Afinal, quem sou eu?

Talvez o nosso erro esteja justamente aí: buscar definir quem somos de acordo com a profissão que exercemos, sem nos darmos conta de que a vida é muito mais do que um diploma, um currículo, um pedaço de papel. Claro que inicialmente foi frustrante não poder exercer a profissão na qual me especializei, mas com o tempo acabei me dando conta de que não necessariamente isto me faria mais feliz do que sou.

Talvez eu esteja enganada, mas aqueles que me conhecem sabem a minha maneira de ver o Mundo, de entender as coisas. Não acredito no acaso e creio que em tudo aquilo que nos acontece, podemos tirar algo de bom. É como se trabalhar com crianças fizesse parte de um plano que a Espiritualidade Maior tinha traçado para mim. De repente, não me vi mais trabalhando com lutos, perdas, doenças, dores… mas com aprendizados, brincadeiras, afeto, AMOR. O que era para ser provisório, se consolidou e foi além. Tanto que hoje cá estou, à procura de mais um diploma, fazendo uma outra formação, graças ao estímulo e incentivo de pessoas que me querem bem (incluindo as mães das próprias crianças com as quais trabalhei). E tudo isto na verdade não porque eu não goste de cuidar de crianças, mas para que, futuramente, eu possa ter também outras possibilidades de emprego, para que outras portas possam se abrir. Bom, mas eu estava falando de cultura, né?

Ah, o casal Lynd… pensavam que a complexidade da vida de uma grande sociedade como a americana, no final das contas, fosse a mesma de uma vila na Austrália! Eles acreditavam que, partindo do micro, poderiam chegar ao macro, não considerando, porém, os diversos fatores envolvidos

Sempre na escola de Chicago, um outro esponenete foi Park, que não apenas retomou o conceito de homem marginal, mas analisou a diversidade cultural da vida urbana americana, com seus conflitos, diferenças, segregações e fazendo compreender como cada lugar, cada cidade, possui a sua própria cultura. (E que, dentro de cada cultura, existem diversas sub-culturas.). Ao contrário do “Melting Pot” que sempre caracterizou a Sociedade Americana, ele falava sobre a importância de conservar raízes, preservar tradições. E seu movimento partia do Macro para chegar ao micro!

Melting Pot era um termo que eu nunca tinha ouvido falar. Para tentar entender o que isto quer dizer, basta pensar que “melting pot” significa caldeirão. Então. A sociedade americana era uma “Sociedade Caldeirão”, ou seja, para onde todos migravam, todos eram acolhidos e… colocados num mesmo “caldeirão”. Todos eram aceitos exatamente como eram e, como os ingredientes de uma grande sopa, tinham as suas culturas, seus costumes, “somados”.- No entanto, como no “sopão”, com o tempo, acredito, algumas “raízes” se perdiam e uma “nova” cultura vinha incorporada. (Ou talvez eu esteja fazendo confusão?. Bom, mas a metáfora do “caldeirão me faz pensar em algo assim!)

A escola francesa, cujo principal esponente foi Durkeim, ao invés de buscar adaptar a técnica utilizada pelos antropólogos, como fizeram os americanos, procurou elaborar uma teoria geral da origem e das funções das representações coletivas e do simbolismo social. Eles usavam o mesmo objeto de estudo, mas analisavam as coisas de uma outra maneira! Ou seja, eles se perguntravam: como é que as pessoas conseguem viver em sociedade, sem que haja uma luta de todos contra todos? Não deve ser simplesmente porque somos todos seres racionais, cada um indo atrás do seu interesse e, para isso, formando com os demais espécies de acordos, contratos. Deve ter algo além disso, algo bem mais profundo! E assim, se deram conta da importância da dimensão simbólica! Afinal, para que um “contrato” fosse respeitado, servia algo implícito: a confiança!

A dimensão simbólica é como se fosse o cimento que faz com que a “construção” chamada “sociedade não desabe! A confiança, a honestidade, o respeito recíproco, ou seja, tudo aquilo que, de uma forma ou outra, “une” as pessoas, valores, crenças, rituais.Coisas que unem as pessoas do ponto de vista cognitivo, mas também moral e emocional. A religião, a moral, os valores, os sistemas de classificação, reentram no significado mais amplo de cultura, mas acima de tudo, cada sociedade, de qualquer tipo, tem fundamentalmente um caráter simbólico.

Complicado isso, né? Mas olha só como a coisa faz sentido: o que eles chamam de símbolo, são as crenças, os rituais, coisas que geram uma “corrente emotiva”, um consenso moral e cognitivo que acaba por unir as pessoas, criando vínculos recíprocos, garantindo assim uma comunicação e consentindo a cada um se se identificar com um coletivo que o transcende, ou seja, que vai além!

Não podemos negar, no entanto, que “antigamente” dávamos muito mais importância ao “grupo” (Pequenas comunidades, grupos coletivos) e que, desde que nos industrializamos, este pensamento se enfraqueceu. São coisas que com o tempo se transformam, mas que não deixam de existir. Se antes se falava de coletividade, hoje se fala de autonomia. Mas também se fala de dignidade e de respeito recíproco!

Os fenômenos sociais devem ser analisados com uma visão holística, não individualmente, mas como partes de um todo, da mesma forma que acontece com o estudo biológico de um organismo vivo. Neste aspecto, a sociedade é algo mais do que a soma das suas partes, ou seja, dos indivíduos.

E finalmente chegamos ao conceito de cultura na escola alemã!

Pois bem. Na verdade, na Alemanha não tivemos uma “escola” propriamente dita, mas estudiosos que se preocuparam em enfrentar o tema “cultura” tanto a nível teorico como empírico, especialmente através de dois importantes debates, sobre o método de estudo e sobre a tensão existrente entre idealismo e materialismo.

Na época, os métodos de estudo da sociedade eram 2, um atribuído às Ciências Naturais e outro às Ciências ditas “do Espírito”, ou seja, as Humanas. O primeiro se chamava NOMOTETICO e, buscava descobrir as “leis gerais”, enquanto que o outro, chamado IDIOGRAFICO, estudava o particular, “caso a caso”- o individual, por assim dizer.

Acontece que, se pararmos para pensar, ambos são aspectos de um mesmo processo! Uma análise geral (Nomotetica?), nos ajuda a compreender as causas dos fatores naturais, enquanto que analisar o indivíduo, ou um caso particular (Idiograficamente), nos faz compreender os efeitos de determinado processo, ou seja, o significado daquilo tudo! E foi exatamente este o reconhecimento de Weber e Simmel” Eles viam os 2 métodos não como opostos, mas como complementares!

Sabe aquela expressão: “Até prova em contrário”? Então.

Para Simmel, por exemplo, as Ciências só podem formular hipóteses, que são verdades fragmentadas e provisórias.

Estava para comentar que eu achava que as verdades da ciência fossem absolutas… até lembrar das aulas de “Física Quântica”!

Uma colocação muito interessante feita por Weber foi que o conhecimento intuitivo e aquele causal não são opostos! Que as diferenças entre as causas naturais e humanas está, na verdade, no objetivo do pesquisador! O método ou o objeto de estudo não são o mais importante: o que importa é o significado subjetivo que move a ação social, ou seja, a motivação!

Se aqui eu não aproveitasse para dar uma “viajada na maionese, não seria eu: sou a única que lembrou (de novo) dos estudos de Fídica Quântica, onde a luz se “comporta” como onda ou partícula, dependendo do olhar (leia-se motivação?) do observador?

A respeito do debate entre Idealismo e Materialismo, a grande questão é: os fatores culturais possuem uma certa autonomia, podendo influenciar e modificar as relações sociais ou são um simples reflexo da sociedade/da realidade?

Weber acreditava que, assim como as condições econômicas (pensemos a Marx), também valores e crenças contribuíam a criar divisão, estratificação social.

Valores e crenças pesam muito, influenciam comportamentos e o curso dos acontecimentos.

Para Weber e Simmel, crenças e valores, aliás, são concessões públicas! Um exemplo? A transformação que o dinheiro sofreu, ganhando um caráter simbólico!

Uma vez, o dinheiro valia apenas como material de troca: eu uso o dinheiro para adquirir algo. Com o passar do tempo, ele passou a adquirir “valor em si”- “acumular”!- O “valor” que antes era subjetivo e que servia para guiar um certo tipo de comportamento, agora se “objetivizou”- O valor virou, sim, objeto, “propriedade”.

A cultura moderna virou cultura objetiva, ou seja, uma cultura não mais guiada pelo sujeito, mas pelo “objeto”. Uma cultura onde o ter é mais importante que o ser! Como se os objetos fossem independentes, como se estivéssemos “perdendo o controle”. Queremos sempre mais, mais, mais… nunca nos acontentamos. Excesso de objetos, de tecnologias, de repente parece que tudo é descartável. Em muitos casos, também as pessoas, as relações, a própria existência.

Sobre a relação entre cultura e sociedade. Eu particularmente acredito que a influência entre elas seja recíproca e que tentar descobrir quem vem antes seria como tentar dizer se quem nasceu antes foi o ovo ou a galinha. No entanto, também existem outros tipos de relação entre ambas. Se a cultura influencia a sociedade, mas esta não influencia a cultura, falamos de Determinismo Cultural. Se ocorre o inverso, ou seja, a sociedade influencia a cultura, mas esta não influencia a mesma, temos o Determinismo Social. (Ou seja, quem “determina” é quem influencia!). Se não existe influência, fala-se de autonomia!

Embora este texto contenha meus pensamentos e reflexões, ele possui, acima de tudo, definições. Assim, creio seja importante evidenciar que existem 4 correntes de pensamento que dizem respeito a como uma cultura se forma! Cada uma delas vê de um jeito como a sociedade influencia a cultura!

  • Abordagens funcionalistas: como o próprio nome diz, analisam a função que a cultura desenvolve, estabelecendo e mantendo o sistema social. Para eles, o ator social é passivo e a cultura emerge por associação. (Durkhein e Parsons são desta abordagem!)- “Dopado” culturalmente?
  • Abordagens casualistas: a cultura é causada por processos que fogem à consciência dos indivíduos! Tudo é uma casualidade!O ator social é sempre passivo. Freud e Marx são dois dos seus representantes.
  • Abordagens instrumentais: os indivíduos são seres racionais que preferem o cálculo instrumental. As normas culturais nascem a partir da composição de tantas escolhas individuais, seja para atenuar aspectos negativos que para promover efeitos benéficos. Os atores sociais tem papel ativo! (Echter é um exemplo)
  • Abordagens interacionistas: priorizam a interação comunicativa entre os sujeitos. As normas culturais emergem da repetição de soluções a problemas recorrentes. Aqui também, o papel dos atores sociais se faz fundamental! Collins é um seu representante.

Existe também uma quinta abordagem, que não se preocupa em esclarecer as relações existentes entre os contextos sociais e a cultura, mas põe o foco na análise da cultura por si só, em como ela se expressa, nas artes, nos rituais, nas regras de parentesco. Segundo esta abordagem, dita estruturalista, cujo principal esponente é Lévy- Strauss, a cultura é a representação de superfície de uma estrutura profunda da mente humana, a predisposição em classificar as coisas em termos de oposições binárias.

Sempre sobre o tema cultura, achei super interessante o esquema criado por Parsons para explicar a sua Teoria da Ação Social, conhecido como AGIL. (Não, não tem a ver com “agilidade”!)

Confesso que me interessei porque, de certa forma, ele parece vir ao encontro de uma visão de sujeito que eu carrego comigo! A do ser humano como um ser bio-psico-social-espiritual. Bem, não exatamente igual, mas quase!

Parsons colocou em evidência quatro subsistemas que compõem o sistema geral da ação social:

  • A: adaptação ao ambiente: papel do organismo, ou seja, da Biologia
  • G: g de gol! Fazer gol, ou seja, atingir uma meta, um objetivo. Tem a ver com a personalidade, a Psicologia!
  • I: integração: solidariedade! Viver em sociedade!
  • L: latência. Aqui, ele coloca a cultura!

Então: bio-psico-social- cultural. Mas… a cultura não tem também a ver com valores, crenças, símbolos? Então, a meu ver, de certo modo, centra com uma dimensão espiritual. (Ou não?).

O papel dado à cultura ocupou um lugar muito importante nos estudos de Parsons, embora ele não tenha, me seguida, aprofundado muito o argumento. Ele utilizou, na criação do seu sistema, a chamada Hierarquia Cibernética (que eu nunca tinha ouvido falar).

Segundo esta hierarquia, as partes de um sistema possuem, em diferentes graus, energia e informação. Onde tem mais informação, tem menos energia e vice-versa. Além disso, quem tem mais informação controla quem tem mais energia! (O cérebro controla as mãos)- Seria muito ousado de minha parte dizer que o adulto controla a criança porque ele tem mais informação (E menos energia?)

Seguindo esta linha de pensamento, para melhor entendimento eu chamaria o esquema de Parsons de LIGA, porque a “leitura” seria aquela inversa! A cultura (mais informação) controla o Sistema Social, que por sua vez controla as metas, os objetivos do indivíduo, ou seja, guia as suas escolhas, enquanto que o pensamento guia o organismo. A cultura, portanto, orienta a ação social!

Pela extensão deste texto, dá pra perceber o quanto a cultura é um tema complexo, né?

Bom, seria impossível eu discorrer sobre tudo o que eu gostaria, até porque estou correndo o sério risco de transformar este texto em algo cansativo demais. Não posso, no entanto, deixar de comentar que a cultura, em outras palavras, é um conjunto de valores, normas,crenças e símbolos.

Os valores são os nossos “ideais” o que nos guia, nos ampara! São eles que ajudam nas nossas escolhas, que nos ensinam a formar juízos em base a critérios como a confiança, o respeito, a paz, a honestidade, a honra, a dignidade.

Isto me fez pensar no Escotismo! Nos valores da promessa escoteira! Aliás, a “promessa” pertence ao fator simbólico ao qual Durkhein se referia!

Acredito que o conceito de valor e o de símbolo estão diretamente ligados. Antes porém de falar sobre símbolos, é bom lembrar que, como citei anteriormente, a cultura é composta também por normas e crenças.

Os valores envolvem afetos, sentimentos. Orientam nossas escolhas, nossas atitudes. Não têm a ver com o que eu “prefiro”, mas com o que eu introjetei.

Se eu encontro uma carteira cheia de dinheiro na rua (e ninguém me viu) , eu fico com o dinheiro pra mim? Provavelmente não! Mas por que? Se eu simplesmente encontrei? Porque eu interiorizei o valor da honestidade, que me diz de “fazer a coisa justa”! Então, vou atrás de identificar a quem a carteira pertence, ou à entrego para as autoridades. Do contrário, me sentiria culpada, julgada (por eu mesma).

Os valores possuem uma dimensão afetiva, que equivale ao que “deveríamos” desejar, uma cognitiva, que nos mostra “concretamente” o certo e o errado e uma dimensão seletiva, que nos ajuda nas nossas escolhas. Acredito que eles agem de forma tão profunda no nosso emocional, que é mais difícil infringir um valor do que infringir uma norma!

Normas (teoricamente) são mais rígidas, mais duras, mais imperativas. São como regras, prevêem sanções, que podem ser positivas (prêmios) ou negativas (castigos). Elas podem ser escritas ou terem surgido espontaneamente.

Muitas vezes é complicado conseguir distinguir uma norma de algo que é simplesmente um hábito. Um dos modos para se fazer esta diferenciação, é procurando mudar este hábito. Se isto nos causa vergonha, embaraço, mal-estar, muito provavelmente infringimos uma norma! Digamos que mudar um hábito não traz maiores consequências!

Digamos que para ir ao trabalho eu fizesse sempre a mesma estrada. Ou seja, aquele é meu “caminho habitual”. Um dia, no entanto, resolvo fazer um outro trajeto. Vou chegar igual, não vou? As possíveis consequências no máximo podem ser eu levar mais ou menos tempo.

Uma coisa bem interessante é que algumas normas dependem do contexto em que estão inseridas. Por exemplo, a ação de lavar as mãos: as consequências da violação deste“hábito”por um médico cirurgião são muito mais graves!

As normas podem ser escritas, estabelecidas, chamadas “constitutivas”, como por exemplo, aqui na Itália, a norma que regulariza o casamento, ou então “costumeiras”, ou seja, que surgem espontaneamente. Um exemplo? Bom, imagina entrar em uma igreja e começar a falar bem alto. Não está escrito que temos que falar baixinho! Ou então, pensemos no exemplo do teatro, que comentei lá no comecinho do texto! (Comer durante um concerto de música clássica)“Violar” uma norma traz consequências. No mínimo te olharão torto, te deixando constrangido!

E o que dizer das crenças? Elas também nos guiam!

Enquanto valores e normas nos dizem como as coisas “deveriam ser”, as crenças nos mostram como as coisas são!

Quando falamos em crença, não nos referimos apenas a opiniões e convicções. Crença: crer, acreditar. No contexto que está sendo abordado no presente texto, podemos falar de dois tipos de crenças. As crenças fatuais, ou seja, verdadeiras. Como o próprio nome diz, são aquelas que podem ser comprovadas pelos fatos. Um exemplo bem banal: olho para o céu nublado, cheio de nuvens “carregadas”, como costumamos dizer no Brasil e digo: “Acredito que irá chover!”.

O outro tipo de crença é chamada representacional. Acredito que o nome derive do fato que ela “represente” um grupo, uma cultura mais específica, enfim, que não seja tão “Universal” como a anterior. (Afinal, cá entre nós, em qualquer lugar do planeta, para qualquer comunidade, qualquer tipo de população, as nuvens “carregadas” indicam que irá chover).

Talvez neste caso a crença “representacional” se apresentaria no momento em que eu passe a acreditar, por exemplo, que quem envia a chuva é Tupã.

A respeito da crença representacional, aproveito deste espaço para dar uma polemizada.

Durante o curso que estou seguindo, um dos exemplos dados ao se referir àquelas crenças “aparentemente irracionais”, foi o daquelas pessoas que dizem encontrarem seus parentes defuntos (eu particularmente prefiro o termo “desencarnados”) durante o sono.

Um dos exemplos de crença representacional tinha sido o das crianças que acreditam em Papai Noel, mesmo sem jamais terem visto o bom velhinho descer pela chaminé, ou estacionar o seu trenó no pátio de casa. Bom, falar sobre o Papai Noel e em seguida sobre os “encontros noturnos”, praticamente como exemplos de uma mesma teoria, não tinha como não mexer comigo, de uma forma ou de outra.

É bem verdade que estudos mais atuais falam sobre a importância das crenças para manterem um grupo unido, além de constatarem que muitas vezes seus ensinamentos, suas convicções, são de caráter metafórico. (Não é assim também no Catolicismo? Jesus não “falava” por parábolas?). No entanto, tal exemplo “mexeu” comigo porque me passou a mesma sensação, por exemplo, daqueles que julgavam outras culturas sem sequer conhecê-las!

Como vocês bem podem imaginar (só pra variar), entro aqui na questão do Espiritismo. Para além da famosa frase “Para aqueles que creem, nenhuma explicação é necessária; para aqueles que não creem, nenuma explicação é possível”, o Espiritismo Kardecista (ao qual me refiro), se forma a partir de 3 pilares: Ciência, Filosofia e Religião! E os “encontros” ocorridos durante o sono foram confirmados em diversos trabalhos e pesquisas científicas.

O próprio Allan Kardec, que foi o Codificador (Atenção: codificador, não fundador) do Espiritismo, não foi um que simplesmente “aceitou” a existência dos espíritos, escutando as histórias que andavam dizendo, que passavam “de boca em boca”, como por exemplo os comentários acerca do fenômeno das mesas girantes. Ele foi conferir pessoalmente! Pesquisou, participou, questionou, confrontou. Verificou a autenticidade dos fenômenos para só depois aceitá-los. A propósito, tais fenômenos ocorriam contemporaneamente em diversas partes do Globo, sem que um tivesse conhecimento do outro!

Uma última curiosidade a respeito de Allan Kardec, antes de retomar o tema central do presente texto: Hippolyte Léon Denizard Rivail (este era o seu nome de batismo), foi um grande estudioso, filósofo e pedagogo… Pestalozziano!! Mas voltemos à cultura!

Como último componente da cultura, ou seja, além dos valores, normas e crenças, temos os símbolos.

Antes de discorrer sobre eles, no entanto, convém lembrar que a cultura também é formada por objetos “concretos”, representados por exemplo na moda, nos pratos típicos, nos materiais. Sem falar nas danças, na língua…

Um símbolo é diferente de um sinal. Um sinal nos dá uma informação que nos leva a uma interpretação unívoca. São convenções simples, quase que Universais. (Talvez eu possa até retirar o “quase”). As placas estradais, por exemplo, ou os ícones presentes na tela do computador. São imagens que resumem, que sintetizam informações! (Eu sei que, clicando no envelope que aparece no meu desktop, irei abrir a minha “caixa postal”.

Em italiano existe também uma diferenciação entre “marchio e marca”, onde um é a empresa, o logotipo em si, o “desenho”, enquanto que o outro pode se associar a “marcar um território”, sinalizando o caminho quebrando a ponta de um galho, por exemplo, ou “marcando o gado”. O que nos interessa, no entanto, é que aqui os sinais são subjetivos e servem para distinguir um produto, uma “marca”…

Já os símbolos possuem uma valência cultural e social muito mais fortes! Seu caráter é intersubjetivo e são compartilhados pelo grupo social. Eles fazem parte de uma dimensão implícita da cultura, ou seja, eu os compreendo sem que precisem me explicar. (Pensem na imagem da balança como símbolo da justiça!)- A flor de lis como símbolo do Escotismo! Pode não ser reconhecida por toda a população, mas qualquer membro ou ex membro do Movimento Escoteiro, em qualquer parte do Mundo, é capaz de identificá-la.

Os sistemas simbólicos exercem uma importante função social e comunicativa. Através deles, nos identificamos, refletimos, interpretamos.

Símbolos e sistemas simbólicos podem variar de uma cultura para outra (ou de um grupo para outro, como no exemplo que fiz acima). Um outro exemplo: na China e na Índia, a noiva se veste de vermelho! Mais um: acredito que vestir-se predominantemente de branco durante a virada de ano seja um costume que ocorre só no Brasil! Branco como símbolo da paz!

As cores podem se tornar símbolos, se a elas associamos um significado específico, o qual é compartilhado na cultura à qual pertencemos. “Calcinha amarela para atrair dinheiro! Rosa para arrumar namorado! Vermelho? Ah, significa paixão!” E assim por diante.

Após discorrer acerca dos modelos culturais, das características da cultura (operativa, dinâmica, seletiva, holística, diferenciada, “sem fronteiras”, ainda mais em tempos de globalização), dos seus componentes (valores, normas, crenças, símbolos), chegou o momento de falar sobre integração.

Algumas culturas são mais integradas do que outras. No entanto, convém sempre lembrar que “nem tanto ao céu, nem tanto ao mar”, ou seja, tanto ser “unido demais” quanto não ter praticamente nenhuma união pode ser prejudicial. Os extremos dificilmente são positivos!

Tanto a falta de integração, como aquela observada na sociedade moderna, onde é “cada um por si”, quanto a integração excessiva, vista por exemplo nos regimes totalitários, ou socialistas, ou no regime de castas, representam um risco. O ideal é sempre buscar um equilíbrio! Ser ponderado, moderado!

Vamos falar sobre suicídio?

Em uma sociedade pouco integrada. como aquelas capitalistas, onde é “cada um por si”, o sentir-se inadequado, excluído, solitário, pode gerar desconforto, depressão e acabar levando ao suicídio que, neste caso, é “interpretado” pelos demais como “suicídio egoístico”. (Uma “fuga” dos problemas).

Já no extremo oposto, onde tudo é definido pela moral social, pelo conjunto, o receio de “não estar à altura, não corresponder às expectativas da sociedade.

Pensemos num jovem chinês que é reprovado na escola, ou em um pai de família que perde o emprego. Em uma sociedade pouco integrada, um repetiria o ano ou trocaria de escola. O outro, iria atrás de um novo trabalho. Em uma sociedade onde a integração é excessiva, no entanto, tais acontecimentos podem significar uma vergonha, uma desonra para a família. O suicídio, neste caso, é visto como um ato de altruísmo!

Sempre falando sobre culturas, é bom lembrar que para que elas pudessem ser mantidas e transmitidas, isto é, perspassassem gerações, o que muito contribuiu foi o surgimento da escritura e do Direito. A primeira, porque permitiu que os “registros” fossem escritos, ao invés de serem transmitidos apenas “de boca em boca”. O segundo, porque instituiu normas, leis escritas que também contribuíram para a propagação e manutenção da mesma.

Um outro aspecto super interessante da cultura é que ela, como se fosse uma bússola, orienta, organiza as nossas ações! Nossos instintos não são tão desenvolvidos quanto o dos animais, então, ela se faz fundamental inclusive para a nossa sobrevivência. Um pássaro constrói seu ninho instintivamente, a aranha a sua teia, as abelhas fabricam o mel… tudo sem precisarem, por exemplo, de modelos de referência, ou de “manuais de construção. Digamos que, ali onde os animais colocam o instinto, nós colocamos a cultura.

É fundamental lembrar que nenhuma cultura é melhor do que a outra. Não existem culturas “superiores”! Tudo é relativo! Tudo vai depender do ponto de vista!

Fico imaginando, por exemplo, aqueles que criticam a cultura (e a sabedoria) indígena, alegando que “se curar com plantas” é coisa de gente atrasada, ignorante, sem pararem para pensar que o princípio ativo dos remédios alopáticos que eles mesmo utilizam se encontram justamente nas tais plantas! A propósito, existe um termo para quem considera a sua cultura superior às outras: etnocentrismo.

Outras questões estudadas no curso de Sociologia dos Processos Culturais e Comunicativos que dizem respeito à cultura foram a sua influência no desenvolvimento econômico, a relação entre a ética protestante e o capitalismo moderno, entre cultura e consumo e entre cultura e desenvolvimento político.

No que tange à influência da cultura no desenvolvimento econômico, foram por nós estudadas duas teorias. A primeira, desenvolvida por Parsons, se chama Modelo do ator socializado” e diz que o nosso comportamento é guiado pelos valores (ideias, crenças, normas), que interiorizamos desde a infância, até mesmo desde o nosso nascimento. A segunda, desenvolvida pela Francesca Cangian, não vê uma ligação direta entre cultura e comportamento. Sua abordagem, conhecida como “Modelo da identidade social”, teoriza que os nossos valores passam por um processo de identidade social (diferente do processo de interiorização), para então virarem comportamentos.

A identidade social, como o próprio nome diz, são aqueles critérios que permitem com que um indivíduo ou um grupo sejam definidos, situados, identificados socialmente. É uma identidade atribuída, conhecida e aceita pelo sujeito! Ela é a soma das relações de inclusão ou de exclusão em relação à todos os grupos que constituem uma sociedade. Por exemplo:

Eu sou escoteira, porque já pertenci a um Grupo Escoteiro e “me identifico” com suas normas, valores e sua modalidade de comportamento, sou Psicóloga, porque formada em psicologia, baby-sitter, porque trabalho com crianças. Mas também sou ítalo-brasileira em relação aos asiáticos, adulta em relação às crianças, mas ao mesmo tempo jovem em relação aos idosos.

O capitalismo moderno trouxe consigo uma nova configuração dos valores, com a máxima: “Tempo é dinheiro”. Este espírito do capitalismo fez com que as pessoas desejassem ter sempre mais e mais e mais. O importante já não era lucrar com o objetivo, por exemplo, de comprar algo, mas lucrar com o objetivo de reaplicar o dinheiro para obter mais lucro e assim sucessivamente, num ciclo infinito. Sua ligação com a ética do Protestantismo pode ser observada não apenas percebendo que muitos dos grandes líderes americanos eram de religião protestante (Pensemos em Benjamin Franklin), mas colegando os princípios de ambos (protestantismo e capitalismo), como a visão do lucro como um fim em si mesmo e o cumprimento do dever profissional visto como uma vocação. (Sem falar que para os protestantes, o único que tem o poder de mudar o destino é Deus.

Já que estamos falando em capitalismo, por que não aproveitamos para falar sobre consumismo?

Antigamente (período neoclássico), as preferências de consumo, as escolhas, eram feitas de forma simples e racional, comparando o preço do produto com a renda. Se o preço de um produto aumentava de modo desproporcional, eu simplesmente o substituía por outro. Na cultura moderna, no entanto, as coisas adquiriram um valor simbólico, subjetivo!

A cultura passou a exercer uma influência cada vez maior nos nossos hábitos de consumo! Cá entre nós: estamos ou não estamos nos tornando a cada dia mais consumistas? A cultura nos dita a moda, as tendências, os comportamentos. Pessoas de classes sociais mais baixas querem se igualar às das classes superiores, na ilusão de que assim serão melhor vistas, melhor aceitas na sociedade. (Isto tem um nome, se chama “Teoria da classe rica”). Assim, consumam. (Não importa se precisarei pagar aquela bolsa em 50 parcelas, o importante é comprar). A classe privilegiada, no entanto, não deseja ser igualada, então, cria novas modas, novas tendências, em um ciclo infinito.

A indústria do consumo, provoca nos seres humanos duas reações opostas: a da identificação, onde eu quero me parecer ao máximo com o grupo com o qual me identifico, ou ao qual eu gostaria de pertencer, ou ainda a alguém que eu admiro, ou um processo de diferenciação, onde eu busco, através de uma roupa, um acessório, um objeto, me diferenciar no meio de uma determinada população.

A tragédia da cultura moderna, citada anteriormente, acredito que tenha muito a ver com isso! Este desejo desenfreado, esta “necessidade” de ter o celular último modelo, por exemplo… mas também não podemos deixar de considerar o fato de que, cá entre nós, a própria durabilidade de certos objetos acaba nos levando a trocá-los com muito mais frequência do que fazíamos antigamente.

Aqueles que me conhecem sabe que eu nunca gostei de política. Quer dizer, no sentido que não gosto de discutir a respeito. (Talvez porque, de modo geral, eu simplesmente não gosto de discussões). No entanto, acabo de me dar conta de que, de certo modo, eu já estive envolvida com a mesma, em diversas ocasiões, afinal, ser representante de classe na escola e mais tarde na faculdade, participar de equipes que concorrem às eleições do Grêmio Estudantil, ser a monitora de uma patrulha escoteira… tudo isto, de certa forma, tem a ver com cultura política!

A cultura política possui aspectos cognitivos (ideologias), emotivos (sentimentos, paixões) e avaliativos (juízos). Existem três tipos de cultura política:

  • Paroquial: lembra “paróquia”, não é mesmo? E faz sentido! Afinal, é uma política preocupada com os interesses locais, cujas relações de confiança são limitadas. Um clã, uma família…
  • Submissa: uma cultura passiva, inerte.
  • Participativa:uma cultura ativa, responsável, onde cada um é ciente do seu próprio papel, se interessa pela vida pública, enfim, participa!

Está comprovado que este tipo de cultura política faz sim com que o cidadão se sinta parte de um TODO, desenvolvendo uma “cultura cívica” (Civicness), que aumenta o grau de confiança e produz crescimento.

Antes de encerrar o presente texto, gostaria de relembrar o quanto a cultura está diretamente ligada à comunicação. Se ela não é transmitida, ou seja, comunicada, com o tempo tende a desaparecer!

A propósito dos fatores que causam as mudanças culturais: sendo a cultura um sistema muito complexo e diferenciado, tais mudanças são fruto de um processo longo e complicado, no qual algumas trasformações ocorrem de forma mais rápida do que outras. As explicações sobre as quais discorremos (e que buscarei resumir aqui) foram 9:

  1. A lei dos três estados (Comte): postula que o pensamento humano evoluiu através de 3 estados: teológico (Era Medieval), onde o que não conseguem explicar, atribuem ao sobrenatural; o metafísco (Renascimento, Iluminismo), com o desenvolvimento de um espírito crítico e o positivo, que nasceu com a Revolução Industrial, com a racionalidade científica, a observação dos fatos, a experiência concreta.
  2. O desenvolvimento do racionalismo ocidental (Weber): o desencantamento religioso e a modernização, que separou religião, ciência, economia e política
  3. O desenvolvimento do individualismo (Durkheim): efeito da intensificação da divisão do trabalho, da especialização das tarefas. Egocentrismo, egoismo. Ambientes sociais diversificados, relacionamentos múltiplos. A personalidade indvidual progride, bem como o valor atribuído à dignidade e à autonomia do sujeito.
  4. O processo de civilização (Elias): a manipulação do poder (Centrado), as cortes sociais (Reanscimento, Absolutismo), se constituindo como espaços pacíficos, favorecem o nascimento de uma nova sociedade, afirmando as “boas maneiras”. (Pessoas civilizadas, não “bárbaros!”)
  5. O modelo do ciclo privado- público (Hirschman): explica as oscilações cíclicas dos comportamentos coletivos do particular ao público: a mudança nas orientações se deve aos efeitos das próprias orientações, que geram sentimentos de decepção ao longo do tempo, levando os sujeitos a se darem novas prioridades. Complicado, né? Bom, o que ele quis dizer, é que, pelo processo de Socialização secundária, ou seja, aquele que se dá já na vida adulta/adolescente- identificação com os pares, etc, vira e mexe “mudamos de ideia”!
  6. A lei da imitação (Tarde): a dinâmica que determina as leis da imitação e da difusão de uma inovação é inter-subjetiva: através da imitação, a gente se “contagia”, as crenças individuais se difundem no corpo social e acabam por se tornarem coletivas! A imitação segue duas leis:
    1. de dentro (os fins) pra fora (os meios): tendência a confiar em quem domina intelectualmente;
    2. do superior ao inferior: tendência a imitar os comportamentos e as modas dos grupos considerados superiores.
  7. A epidemiologia das crenças (Sperber): a difusão e a transformação das representações culturais ocorrem por contágio, ou seja, são submetidas às mesmas leis naturais que dizem respeito à difusão de um vírus. Sperber procura explicar por que algumas crenças se tornam mais contagiosas do que outras. Um exemplo é a maneira como as FakeNews se espalham rapidamente!
  8. A teoria do carisma: O carisma é algo que estimula a mudança. Ele encontra a sua personificação nos profetas, nos demagogos, apresentando-se como uma espécie de força destruidora e revolucionária, que subverte os valores sonb os quais se fundavam os velhos hábitos. (Jesus!)- Ah, é importante lembrarmos que líder é diferente de líder carismático. Além disso, convém observarmos que com o tempo o carisma tende a diminuir, a se institucionalizar e a, digamos, acabar “virando rotina”. Assim, o processo de criação de uma nova ideia acaba evoluindo, se sistematizando e se adaptando.
  9. O desenvolvimento econômico e os valores pós materialistas (Inglehart): Inglehart explicou a difusão dos valores pós materialistas, baseados na auto-realização, na participação decisional e na qualidade de vida, também com a intervenção de fatores exógenos, ou seja, “vindos de fora”, como o crescente bem-estar econômico no qual cada nova geração cresceu e se socializou. Assim, os fatores econômicos agiriam sobre a hierarquia individual das necessidades: somente quando as necessidades primárias de sobrevivência e segurança forem satisfeitos é que podem surgir as necessidades secundárias ligadas à cultura, ao reconhecimento e à auto-realização. (Confesso que tenho as minhas dúvidas a respeito desta teoria!)

Foi longo, né? Espero, no entanto, que não tenha sido cansativo demais. Imagino que, assim como eu, vocês não imaginavam que a cultura pudesse ser um tema tão abrangente, tão complexo e tão completo. Sequer cheguei a falar nos processos de Socialização Primária e Secundária! Dá tempo ainda? É rapidinho! Ambas são processos que servem para que aprendermos e nos apropriarmos de regras e significados e, ao mesmo tempo, nos adaptarmos à novas relações e à vida em sociedade! A primeira é aquela que ocorre dentro da família mesmo (a base!), tipo: “Não coloca o dedinho na tomada, é perigoso!”. A segunda, consiste em aprender novos papéis, novas habilidades e ocorre a partir do momento em que eu deixo o ambiente familiar e sigo a explorar novos ambientes: a escola, o trabalho, os amigos, os diversos grupos que posso vir a frequentar, enfim.

Agora sim, estou pronta para encerrar, lembrando no entanto que, pelo menos para mim, as coisas não param por aqui. Existe toda uma outra parte na disciplina de Sociologia dos Processos Culturais e Comunicativos, aquela que se refere à Comunicação, sobre a qual, quem sabe, ainda irei discorrer.

Por hora, me despeço, desejando que este longo texto, embora predominantemente teórico, possa também ter oferecido momentos de prazerosa aprendizagem e de reflexão.

Marian

Riguardo a padri e figli, o meglio, a madri e figlie

8 jan
Hai presente quella frase che alcuni dicono spesso: “Non ho chiesto di nascere?”. Ecco. Mi dispiace, ma devo dissentire. In realtà, il 99,9% delle volte chiediamo di sì. Solo nel caso delle reincarnazioni obbligatorie, forse, la “responsabilità” non è tutta nostra. Da qui nasce un'altra domanda: sono i nostri genitori a sceglierci o siamo noi a scegliere i nostri genitori? Oppure, chissà, né una cosa né l'altra, ma ha semplicemente a che fare con il “momento”?

Ebbene… se la scelta dei genitori ha a che fare con la “fortuna”, posso solo dire che, nella lotteria della vita, ho vinto alla grande! Vittoriosa e privilegiata!

Ho parlato più volte dell'onore e del privilegio di avere diverse madri e padri. Devo confessare però che il mio amore più grande è per lei, colei che mi ha messo al mondo e che, più che semplicemente svolgere il ruolo di mamma, è mamma, amica, consigliera, a volte anche un po’ figlia...

Spirito che mi ha accolto e mi ha insegnato il vero significato dell’amore incondizionato…
Lei il cui fascino traspare non solo nella lucentezza dei suoi occhi, ma anche nel suo modo di essere, nel suo modo di affrontare la vita. Lei, sorriso storto e birichino, risata facile, saggezza di un'insegnante, ma con sogni da ragazzina...

Colei che, nella vita, cerca le risposte, le più diverse, alle domande più profonde. Colei che crede negli angeli, nelle fate, nelle streghe (buone)... Che ama la natura, che vede Dio nella sottigliezza dei fiori, nel canto degli uccelli, nelle onde del mare... Lei, la cui spiritualità va oltre qualsiasi credenza... Lei, che ha la Madonna, Iemanjá, gli Sciamani e le fate messe su uno stesso altare!

È stata lei a insegnarmi, da un lato, a non rinunciare a lottare per realizzare un sogno, ma anche a rendermi conto che, a volte, bisogna cambiare rotta, cercare qualcosa di nuovo. Da lei ho imparato che tutto arriva al momento giusto e che possiamo sempre trarre qualcosa di buono da ciò che ci accade, anche se, a prima vista, può sembrare impossibile.

Il mio modo di essere super iper ottimista a volte può sembrare strano per alcune persone. Ho un modo molto, molto particolare di vedere il mondo, di affrontare i problemi. Diciamo che sono un “ottimista nata”. Grazie a chi? Esatto!
Mi rendo conto che a volte pure lei rimane sorpresa da qualche mio commento, da qualche reazione... forse perché aveva dimenticato che era stata proprio lei a insegnarmi a essere così...

Oh, quanto sono orgogliosa del fatto che, ogni giorno che passa, divento sempre più simile a lei!

Forse fisicamente siamo anche piuttosto diverse (a parte la bocca storta quando sorridiamo - storta, infatti, nella stessa direzione) e, a prima vista, possiamo sembrare diverse anche per quanto riguarda il nostro “modo di essere”... Lei è più giocosa , più “scandalosa” (in senso buono), più agitata, più colorata, a "mille”; io più “lady”, più calma, più introversa, più “vecchia”, più sensibile, forse più riflessiva. Tuttavia, basta conoscerci un po' più a fondo per rendersi conto che, in realtà, lei è altrettanto (o più) sensibile quanto me e che anch'io, come lei, sono estremamente appassionata alla vita! E non potrebbe essere diversamente, del resto, per quanto ne so anche mio padre era così. Mio padre, mia madre, lo zio Bibi…

Beh, ma non ho ancora detto perché oggi ho deciso di parlare di lei, o meglio, “riguardo a lei”: è che sabato scorso lei ha compiuto 79 anni!
6 gennaio. Il giorno della Befana, il giorno dei Re Magi, il giorno dell’Epifania e… il giorno di Ana!
Ana...Befana?
Grande amante delle arti, del teatro in particolare, innumerevoli volte si travestì da strega in occasione di spettacoli o feste di carnevale. Amante della “magia”, cuore pieno di fantasia, cosa ha in comune con la Befana? In realtà niente! Tranne, chissà, il fatto che distribuisca gioia ovunque vada? La Befana, lascia ai bambini o caramelle o carbone. Lei? Amore e divertimento!
Per alcuni, però, la giornata non riguarda la Befana, ma la celebrazione della dea Diana! Dea delle foreste, della natura, della luna! Quale dea rappresenterebbe meglio l’amore per la natura della “signora” Ana?
6 gennaio, Giorno dei Re. Maggi, maghi, che portavano doni a Gesù Bambino. Oro, incenso, mirra. E lei? Ora riceve regali. Quando è nata, però, il dono, il regalo, era lei! Direttamente dal Mondo Spirituale, esattamente nel Giorno dei Re, è stata presentata/regalata/donata a suo padre Pedro e a sua madre Italia. Bambina piccola e fragile, che stava in una scatola da scarpe. Per lei, la zia aveva avuto bisogno di realizzare, all'ultimo minuto, un cappello all'uncinetto. (Quelli che aveva erano troppo grandi). Un regalo, un dono. L'ultima di una famiglia di 6 persone. Un dono, un dono dei re, cioè degli angeli della luce. Perché lei è proprio questo: pura luce! Quella bambina fragile era in realtà una fortezza d'amore!
Epifania! Un essere illuminato… una “apparizione” speciale… ed estremamente reale!
Anche se non fosse nata in un giorno di festa, in un giorno così speciale, non mancherebbero di certo i motivi per amarla!

Forse la cosa più importante non sia scoprire come o perché è avvenuto il nostro incontro. (Anche se qualcosa dentro di me non si stanca mai di dire che ci conosciamo da molto più tempo di quanto possiamo immaginare). Ciò che conta è che, con lei, la vita è più felice, più tenera, più dolce. Con lei c’è profumo di affetto ovunque. Con lei mi sento completa. Quando siamo vicini fisicamente/geograficamente, o semplicemente “connesse”, virtualmente o solo con il pensiero, la vita diventa più leggera, più piacevole, più felice.

Prima di concludere, credo sia importante sottolineare che esistono diversi tipi di amore. E io, privilegiata come sono, sono amata in diversi modi, dalla mia famiglia, dal mio amore (Stefano), da tante persone che mi vogliono bene. Però, un rapporto esattamente come quello fra me e la “signora” Ana? Ah! Ne dubito ci sia!

Marian

Sobre pais e filhos, ou melhor, sobre mãe e filha.

8 jan

Sabe aquela frase manjada “Eu não pedi pra nascer?”. Pois é. Sinto muito, mas tenho que discordar. Na verdade, em 99,9% das vezes, pedimos sim. Apenas no caso de reencarnaçoes compulsórias é que, talvez, a “responsabilidade” não seja inteiramente nossa. Daqui, parte outra questão: são nossos pais quem nos escolhem ou somos nós quem escolhemos os nossos pais? Ou, quem sabe, nem uma coisa nem outra, mas tem a ver simplesmente com o “momento”?

Bom… se a escolha dos genitores tem a ver com “sorte”, só posso dizer que, na loteria da vida, sou uma grande vitoriosa! Vitoriosa e privilegiada!

Diversas vezes comentei sobre a honra e o privilégio de ter várias mães e pais. Preciso confessar, no entanto, que meu amor maior é por ela, aquela que me deu a luz e que, mais do que simplesmente exercer o papel de mãe, é mãe, amiga, conselheira, às vezes até meio filha…

Espírito que me acolheu e que me ensinou o verdadeiro significado de amor incondicional…

Ela cujo encanto transparece não somente no brilho dos olhos, mas também no seu jeito de ser, no seu modo de enfrentar a vida. Ela, sorriso torto, maroto, riso fácil, sabedoria de uma mestra, mas com sonhos de menina…

Aquela que, da vida, busca respostas, as mais variadas, para as mais profundas das questões. A que acredita em anjos, fadas, bruxas (do bem)… Que ama a natureza, que vê Deus na sutileza das flores, no canto dos pássaros, nas ondas do mar… Ela, cuja espiritualidade vai além de uma crença qualquer… Ela, que possui Nossa Senhora, Iemanjá, Xamãs e fadas num mesmo altar…

Foi ela quem me ensinou, de um lado, a não desistir de lutar para realizar um sonho, mas também a me dar conta de que, às vezes, precisamos mudar a rota, buscar algo novo. Com ela aprendi que tudo vem no momento certo e que podemos sim tirar sempre algo de bom daquilo que nos acontece, mesmo que, à primeira vista, possa parecer impossível.

Meu jeito super hiper otimista de ser às vezes causa estranheza em algumas pessoas. Tenho uma maneira de ver o mundo, de encarar os problemas, muito, muito particular. Digamos que sou “otimista de nascença”. Graças a quem? Pois é!

Às vezes me dou conta que ela mesmo se surpreende diante de algum meu comentàrio, alguma reação…talvez porque tenha esquecido que foi justamente ela quem me ensinou a ser assim…

Ah, como me orgulho do fato de, a cada dia que passa, ficar mais parecida com ela!

Fisicamente até podemos ser diferentes (à parte a boca torta quando sorrimos- aliàs, torta pro mesmo lado) e, à primeira vista, também somos muito diferentes no que diz respeito ao “jeito”… Ela mais brincalhona, mais “escandalosa” (no bom sentido), mais agitada, mais colorida, …”a mil”, eu mais “lady”, mais tranquila, mais introversa, mais “velha”, mais sensível, mais reflexiva talvez. No entanto, basta nos conhecerem um pouco mais a fundo para perceberem que, na verdade, ela é tão (ou mais) sensível quanto eu e que eu, assim como ela, sou extremamamente apaixonada pela vida! E não podia ser diferente, afinal, pelo que me consta meu pai também era assim. Meu pai, minha mãe, o Bibi…

Bom, mas ainda não falei o motivo pelo qual hoje resolvi falar dela, ou melhor, “nela”: é que sábado ela completou 79 anos!

06 de janeiro. dia da “Befana”, dia dos Reis Magos, dia da Epifania e dia… da Ana!

Ana…Befana?

Grande amante das artes, do teatro em particular, ela, inúmeras vezes, se vestiu de bruxa em apresentaçoes ou festas de carnaval. Amante da “magia”, coração repleto de fantasia, com a Befana o que tem em comum? Na verdade nada! A não ser, quem sabe, o fato de distribuir alegria por onde passa? A tal Befana, deixa pras crianças ou doce, ou carvão. Ela? Amor e diversão!

Para alguns, no entanto, o dia não é da Befana, mas de celebrar a deusa Diana! Deusa dos bosques, da natureza, da lua! Que Deusa representaria melhor o amor da “dona” Ana pela natureza?

6 de janeiro, dia de Reis. Magos, mágicos, que levaram presentes pro Menino Jesus. Ouro, incenso, mirra. E ela? Agora, ela recebe presentes. Quando ela nasceu, no entanto, ela era o presente! Diretamente do Mundo Espiritual, exatamente no dia de Reis, ela era presenteada ao seu pai Pedro e à sua mãe Itália… Pequena e frágil criança, que cabia em uma caixa de sapatos. Para ela, a tia precisara confeccionar, no último minuto, uma touca de crochet… (As que ela possuía eram grandes demais). Um presente, uma dádiva. A última de uma família de 6. Uma dádiva, um presente dos reis, ou seja, dos anjos de luz. Porque ela é exatamente isso: pura luz! Aquela frágil criança, na verdade, era uma fortaleza de amor!

Epifania! Um ser iluminado… uma “aparição” especial… e extremamente real!

Mesmo que ela não tivesse nascido num dia de festa, num dia tão particular, certamente não faltariam motivos para lhe amar!

Talvez o mais importante não seja descobrir como ou por que o nosso encontro se deu. (Embora algo dentro de mim não canse de afirmar que nos conhecemos há muito mais tempo do que podemos imaginar). O que importa é que, com ela, a vida é mais alegre, mais terna, mais doce. Com ela, há perfume de afeto por todos os lados. Com ela, eu me sinto plena. Quando estamos perto fisicamente/geograficamente , ou simplesmente “conectadas”, seja virtualmente, seja simplesmente pelo pensamento, a vida se torna mais leve, mais gostosa, mais feliz. Antes de encerrar, acho importante salientar que existem diversos tipos de amor. E eu, privilegiada que sou, sou amada de diversas formas, pela minha família, pelo meu amor (Stefano), por tantas pessoas que me querem bem. Agora, parceria como a minha com a dona Ana? Ah… acho que não tem!

Marian

Pequena reflexão sobre os “outubreiros” da minha vida.

19 out

Não, “outubreiro” é um termo que não existe, ou pelo menos não acredito que exista. Criei este neologismo para me referir às pessoas nascidas no mês de outubro que, de um modo ou de outro, fazem parte da minha vida de forma muito especial.

Talvez o mês com mais aniversariantes na minha família seja o mês de janeiro. Entre familiares, amigos e conhecidos, a quantidade é grande! No entanto, nestes dias, enquanto pensava na proximidade do dia do aniversário do meu pai, me dei conta da importância dos “outubreiros” na minha vida e do quanto eles, sejam librianos, sejam escorpianos, são importantes para mim. No papel que cada um deles exerce ou exerceu na minha vida. São também eles que me fazem mais uma vez perceber que nada acontece por acaso e que tudo tem um objetivo maior.

Começo pensando na Pati, minha prima tão amada! Não estarei aqui a divagar sobre nossas brincadeiras de infância, sobre o nosso distanciamento geográfico ou os nossos reencontros, mas me limito a uma questão bem simples: foi graças à ela que conheci o meu marido! Um encontro entre pessoas que habitavam em continentes diversos, há milhares de quilômetros um do outro!

Então preciso pensar na Mary Beatris, prima querida, baita parceira. Na relação dela com a minha mãe e de consequência comigo. Na parceria, cumplicidade, carinho. Nesta união que fez com que o carinho e amor que eu tenha por ela e pelos seus filhos, a Juli, o Mino, o Zeca, seja imenso.

E a tia Rina! Como não pensar nela? No seu jeito especial, nas garafas de Baré Cola…

Chega então a vez da Beatris. Minha irmã preta. Ela que, durante anos, dividiu comigo o seu bem mais precioso: a sua própria mãe! Ela que tantas vezes abdicou dela a meu favor! Como não ser eternamente grata?

E a tia Mary? Sim, ela também aniversaria em outubro! Difícil encontrar palavras para descrevê-la! Sem sombra de dúvidas a pessoa mais bondosa que conheci em toda a minha vida! Exemplo de altruísmo e de amor incondicional. Sabe aqueles espíritos evoluídos que voltam à Terra apenas para nos ensinar? Pois é. Ela é exatamente assim. Pura luz.

Lembro também de outras amigas, a Cintia, a Natasha… cada uma delas deixou uma sementinha de amor plantada no meu coração.

Dentre todas estas pessoas, no entanto, tem uma que eu gostaria de dar um destaque especial.

Ela entrou na minha vida bem depois das outras, mas de uma forma tão intensa e em um momento de vida tão particular, que se ainda restasse dentro de mim alguma dúvida sobre a existência de “famílias espirituais”, esta teria se extinguido no mesmo instante. (A dúvida, não a amiga!)

Eu tinha 24 anos, era recém formada, estava iniciando uma especialização. Enfim, “construindo” a minha vida profissional. De repente, ela aparece na minha vida. Libriana como o meu pai. E como me identifiquei com ela!

Na sua relação com a própria filha, eu via muito da minha relação com a minha própria mãe.

Na relação que se foi construindo entre nós, inicialmente de coleguismo, para depois ir se transformando em amizade, em cumplicidade,pude perceber coisas que de certa forma podem parecer difìceis de explicar. Em um determinado momento, nos demos conta de que aquele, na verdade, não era um simples encontro, mas um reencontro.

Não, ela não entrou na minha vida como “substituta” do meu pai no que tange à conselhos, amizade, parceria. No entanto, o fato de eles aniversariarem tão próximos (ele dia 19, ela dia 20) não deve ser obra do acaso.

Naquele momento da minha vida, ela me trouxe equilíbrio. Me ajudou a acreditar ainda mais no meu próprio potencial. Me deu um voto de confiança que, quando olho pra trás, me faz pensar o quanto privilegiada fui, o quanto privilegiada sou!

É quase como se o Mundo Espiritual dissesse: “Negócio é o seguinte: a vida da Marian é circundada de coração, de emoção. Ela precisa dar uma equilibrada. Para isto, no entanto, precisa de alguém que possa ajudá-la a encontrar um equilìbrio. Alguém que seja razão e coração, alguém com a qual ela se identifique. Alguém que se pareça com ela, no mais íntimo do seu ser”.

E foi assim que a Carla apareceu.

Encerro este pequeno texto agradecendo aos “outubreiros” da minha vida! (E peço desculpas pelos que provavelmente ficaram de fora)

Marian

19 ottobre

19 out

19 ottobre. Se incarnato, oggi mio padre compirebbe 78 anni. Questo testo doveva essere un omaggio a lui, invece si è rivelato un mio ulteriore momento di riflessione. Può sembrare strano che io usi la frase al passato, ma spesso accade che, prima di iniziare a scrivere, io abbia già “elaborato” il contenuto nei miei pensieri. Bene allora.Stavo pensando al suo compleanno e mi sono ritrovata automaticamente a rivolgere il pensiero ai miei nonni, alle mie zie e soprattutto a mia madre. Poi ho pensato a me stessa.Ho pensato a questa assenza che non è mai stata assenza, a questa “mancanza” che non si è mai fatta mancare. Perché mia madre ha saputo, per quanto mi riguardava, affrontare tutto questo in un modo così bello e speciale che, nonostante lui fosse, diciamo, “in un’altra dimensione”, la sua presenza si notava sempre. Inoltre, per quanto riguarda il bisogno fisico di presenza, di affetto e il “ruolo” attribuitogli, socialmente, culturalmente parlando, ho potuto contare sull’affetto e sull’amore incondizionato del mio amato zio Ruben. In effetti, sono convinta che loro due fossero già d’accordo su tutto prima ancora di “prendere vita”, di “incarnare”.La cosa interessante è che durante la mia infanzia non ho mai messo in discussione la mia vita stessa, tuttavia, dall’adolescenza in poi, ho iniziato a chiedermi: “Se mio padre non fosse morto (disincarnato), qualcosa nella mia vita sarebbe stato diverso” ? Cosa sarebbe cambiato? Avrei frequentato le stesse scuole? Avrei avuto gli stessi amici? E come si comporterebbe con me? Che tipo di padre sarebbe stato? Liberale? Geloso?Dicono che una delle caratteristiche di mio padre fosse quella di essere molto zen, giocoso, originale. Inoltre era sempre circondato da “ammiratrici”. Ma come sarebbe stato per lui avere a che fare con una figlia femmina? Avrebbe accettato di buon grado che, intorno ai 19, 20 anni, io avessi un gruppo di amici in cui saremmo, per la maggior parte del tempo, 2, 3 ragazze e circa 10 ragazzi o giù di lì? E avrei avuto con lui un rapporto aperto quanto quello che ho con mia madre? Oppure anche con lei le cose sarebbero andate diversamente? Siccome so che nel mondo spirituale tutto è già più o meno programmato, sebbene il “risultato” dipenda molto anche dal nostro libero arbitrio, provo a sollevare alcune ipotesi per le domande che ho sollevato.No, forse non avrei frequentato le stesse scuole, o forse non nello stesso modo. Forse avrei trascorso un po’ meno tempo con i miei cugini da parte di madre, e sarei stata più presente nella vita dei miei nonni. Ma la vita in generale è saggia e credo che tutti coloro che incrociano il nostro cammino lo facciano per un motivo. Con questo voglio soprattutto dire che, anche se fossi stato in posti diversi, anche se per certi aspetti la mia vita fosse stata diversa, in un modo o nell’altro, avrei finito per avvicinarmi, incontrare, relazionarmi con le stesse persone con cui mi relaziono adesso!Zio Ruben è stato un super papà e insieme a mia madre ha fatto un lavoro così bello che immagino mio padre che ci guarda fiero ed emozionato allo stesso tempo.

A proposito di padre, fin da bambina ho dovuto imparare a gestire i paragoni. Inoltre, col passare del tempo, mi sono resa conto che gran parte del mio percorso, della mia personalità, era il risultato dell’unione di quegli spiriti affini, la cui missione qui era, tra le altre, quella di generarmi.Tutti dicevano che ero uguale al mio papà. Tutti. Gli occhi verdi e piccoli, il naso, la bocca, i capelli scuri.

Mio padre aveva uno zio i cui occhi si riempivano di lacrime ogni volta che mi incontrava. Con questo, credo che si possa fare un’idea della somiglianza.

Un giorno mia madre trovò una foto di mio padre quando aveva 15 anni. Ricordo che anch’io mi sono “spaventata”. Quando vidi quella fotografia dovevo avere circa 12, 13 anni. La somiglianza era incredibile.

Col passare del tempo, ho cominciato a notare nella mia personalità le caratteristiche sia di mia madre che di mio padre. Ottimismo, amore per la vita, sensibilità. Quel senso dell’umorismo un po’ “bizzarro”, particolare. Credo però che mio padre fosse più dinamico, più esplosivo. Forse ho ereditato la mia tranquillità dallo zio Ruben. La sensibilità? Chi lo sa!

Siamo l’unione perfetta di tanti fattori. Se le mie labbra sono uguali a quelle di mio padre, il mio sorriso è quello di mia madre. Se i miei occhi corrispondono ai suoi, il modo in cui brillano, il mio sguardo, sono come quelli di lei. Se fisicamente gli assomiglio di più, intimamente assomiglio molto a mia madre.

Una madre, però, non necessariamente come quella che siete abituati a vedere, ma quella che tante volte si è ritrovata addormentata, nel profondo di lei: quell’Ana sensibile, fragile, ma allo stesso tempo dotata di una forza unica.

78 anni oggi. Sono passati quasi 47 anni da quando mio papà non è più qui. Tuttavia la sua presenza è sempre “presente”, nelle fotografie, nei ricordi e soprattutto nei pensieri, nelle preghiere.

Forse si è addirittura reincarnato, o forse no. Indipendentemente da ciò, credo che possa effettivamente ricevere le nostre vibrazioni d’amore. Ed è proprio questo che vorrei trasmettergli: vibrazioni di amore e gratitudine. Dopotutto, se non fosse stato per lui, non solo non sarei qui, ma non sarei quello che sono, non sarei diventata quello che sono diventata. In poche parole, non sarei io. Forse sarei incarnata comunque, ma sarei stata una persona diversa.

La seconda cosa su cui sto riflettendo in questi giorni? Ah, sarà argomento di un altro testo!

Marian

19 de outubro

19 out

19 de outubro. Se encarnado, hoje meu pai estaria completando 78 anos. Este texto deveria ser uma homenagem à ele, mas ao invés disso, acabou sendo mais um momento de reflexão. Pode parecer estranho que eu use esta frase no passado, mas seguido acontece que, antes de iniciar a escrever, eu já tenha elaborado o conteúdo do texto nos meus pensamentos. Pois bem.

Eu estava pensando no aniversário dele e me vi automaticamente voltando o meu pensamento para os meus avós, para meus tios e tias e especialmente para a minha mãe. Em seguida, pensei em mim.

Pensei nesta ausência que nunca foi ausência, nesta “falta” que nunca se fez faltar. Porque minha mãe soube, no que diz respeito à mim, lidar com tudo isto de uma forma tão linda e especial que, mesmo ele estando, digamos, em “outra dimensão”, sua presença sempre foi percebida. Além disso, no que tange à necessidade física da presença, do afeto e ao “papel” à ele atribuído, socialmente, culturalmente falando, pude contar com o carinho e amor incondicionais do amado tio Ruben. Aliás, tenho cá com os meus botões que os dois já tinham combinado tudinho antes ainda de encarnarem.

Uma coisa interessante é que durante a minha infância eu nunca questionara sobre a minha vida em si, porém, da adolescência em avante, passei a me perguntar: “Se meu pai não tivesse falecido (desencarnado), algo na minha vida teria sido diferente”? O que teria mudado? Eu teria frequentado as mesmas escolas? Teria tido os mesmos amigos? E como ele se comportaria comigo? Que tipo de pai seria? Liberal? Ciumento?

Dizem que uma das características do meu pai é que era muito despojado, brincalhão, original. Além disso, vivia cercado de “admiradoras”. Mas como seria para ele lidar com uma filha mulher? Ele aceitaria de bom grado que, em torno dos meus 19, 20 anos de idade, teria uma turma de amigos na qual seríamos, na maioria das vezes, 2, 3 meninas e uns 10 meninos mais ou menos? E eu, teria com ele uma relação tão aberta como a que tenho com a minha mãe? Ou com ela também as coisas teriam sido diferentes?

Como sei que tudo no mundo espiritual já está mais ou menos programado, embora o “desfecho” dependa também muito do nosso livre arbítrio, me arrisco a, eu mesma, levantar algumas hipóteses para as questões por mim levantadas.

Não, talvez eu não tivesse frequentado as mesmas escolas, ou talvez não da mesma maneira. Talvez eu tivesse convivido um pouco menos com meus primos por parte de mãe, e tivesse sido mais presente na vida dos meus avós. Mas a vida em geral é sábia e acredito que todos aqueles que cruzam o nosso caminho o fazem por alguma razão. Com isto, quero especialmente dizer que, mesmo que eu tivesse frequentado lugares diferentes, mesmo que sob alguns aspectos a minha vida tivesse sido diferente, de uma maneira ou de outra, eu acabaria sim me aproximando, encontrando, me relacionando com as mesmas pessoas com as quais me relaciono agora!

O tio Ruben foi um super pai e junto com a minha mãe fez um trabalho tão lindo que imagino o meu pai a nos observarm, orgulhoso e emocionado ao mesmo tempo.

Por falar em pai, desde criança tive que aprender a lidar com comparações. Além disso, na medida em que o tempo passava, eu me dava conta de que muito do meu jeito, da minha personalidade, era fruto da união daqueles espíritos afins, cuja missão por aqui era, dentre outras, a de me gerar.

Todos diziam que eu era a cara do meu pai. Todos. Os olhos verdes e pequenos, o nariz, a boca, os cabelos escuros.

Meu pai tinha um tio cujos olhos se enxiam de lágrimas toda vez que me encontrava. Por aí acredito que se possa fazer uma ideia da semelhança.

Certo dia, minha mãe encontrou uma foto do meu pai aos 15 anos. Lembro que até eu me assustei. Eu na época em que vi a tal fotografia deveria ter uns 12, 13 anos. A semelhança era incrível.

Com o passar do tempo, fui percebendo na minha personalidade características tanto da minha mãe quanto do meu pai. O otimismo, o amor pela vida, a sensibilidade. Aquele senso de humor peculiar. Acredito, no entanto, que meu pai fosse mais dinâmico, mais explosivo. Talvez a tranquilidade eu tenha herdado do tio Ruben. A sensibilidade? Quem sabe!

Somos a união perfeita de muitos fatores. Se meus lábios são iguais ou do meu pai, meu sorriso é o da minha mãe. Se meus olhos se igualam aos dele, o modo como brilham, o jeito de olhar, se igualam ao dela. Se fisicamente me pareço mais com ele, intimamente sou muito a minha mãe.

Uma mãe porém não necessariamente como aquela que vocês estão habituados a ver, mas aquela que tantas vezes se encontrava adormecida, lá no seu íntimo: aquela Ana sensível, frágil, mas ao mesmo tempo possuidora de uma força ímpar.

78 anos hoje. Quase 47 que ele não se encontra mais por aqui. No entanto, sua presença se faz sempre presente, em fotografias, em lembranças e especialmente em pensamentos, em orações.

Talvez ele até já tenha reencarnado, ou talvez não. Independentemente disto, acredito que ele possa, sim, receber as nossas vibrações de amor. E é exatamente isto que eu gostaria de lhe enviar: vibrações de amor e de gratidão. Afinal, se não fosse por ele, não apenas eu não estaria aqui, mas não seria quem sou, não me tornaria quem me tornei. Em poucas palavras, eu não seria eu. Talvez eu tivesse encarnado mesmo assim, porém, seria outra pessoa.

A segunda coisa sobre a qual andei refletindo nestes dias? Ah, vai ser tema de outro texto!

Marian